"Recebemos hoje a notícia de que o Brasil está oficialmente a sair da recessão", disse o ministro, Paulo Guedes, num encontro virtual organizado pela Associação Brasileira de Exportadores.
Guedes referia-se ao relatório divulgado na sexta-feira pelo Banco Central, segundo o qual a atividade económica do país cresceu 9,47% no terceiro trimestre face ao anterior.
Segundo o Índice de Atividade Económica do Banco Central (IBC-Br), considerado como uma medição prévia do comportamento do PIB, esse movimento foi reflexo da reativação das atividades económicas e da rápida reabertura que se seguiu às quarentenas impostas durante o período mais crítico da pandemia no Brasil.
Ainda assim, entre janeiro e setembro deste ano, o IBC-Br refletiu os efeitos da crise da saúde e acumulou queda de 4,93%, enquanto a retração anual ficou em 3,32%.
O Brasil entrou em "recessão técnica" no segundo trimestre deste ano, quando a sua economia recuou 9,7% em relação aos primeiros três meses, por ter acumulado dois trimestres consecutivos de retração económica.
O ciclo negativo foi quebrado no terceiro trimestre e espera-se uma nova recuperação no quarto, mas, de acordo com as últimas projeções, aquela que é a maior economia da América do Sul deve encerrar 2020 com uma retração entre 4% e 5%.
Será a maior queda do PIB em vários anos, mas muito inferior à inicialmente prevista, uma vez que organizações como o Fundo Monetário Internacional (FMI) chegaram a projetar uma retração no Brasil de cerca de 10%.
"O facto é que o Brasil está a sair da recessão. Criamos 300 mil novos empregos formais em setembro. Já haviam sido gerados 100 mil em julho e 200 mil em agosto. O ritmo é tão forte que pode ser difícil mantê-lo", advogou Guedes.
O ministro acrescentou que "o Brasil está a voltar com força e a acelerar a taxa de criação de empregos".
"É difícil que esse ritmo seja sustentável, mas acredito que vamos criar entre 500 mil e 600 mil novos empregos formais por mês. É um índice que, se o mantivermos, será muito forte", afirmou.
Guedes garantiu que a perda de empregos foi maior nos anos em que o Brasil sofreu retração económica, em 2015 e 2016, do que neste ano de pandemia, já que enquanto até setembro deste ano o país acumulava perda de cerca de 550 mil postos de trabalho, nos primeiros nove meses de 2015 essa perda foi de 729 mil empregos e em 2016 foi de 687 mil.
"Em outras palavras, os erros na política económica causam mais danos do que a pandemia", afirmou o governante.
Guedes disse ainda que a reação económica ocorre num momento em que a incidência da covid-19 se reduz cada vez mais e o país aguarda a vacina.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,8 milhões de casos e 164.737 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.294.539 mortos em mais de 52,7 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.