"A perspetiva de fim da pandemia deve dar-nos a confiança de que podemos levar as nossas economias e empresas para o outro lado sem danos desnecessários", assinalou Lagarde durante uma intervenção num fórum 'online' organizado pelas Nações Unidas.
A presidente do BCE recordou que os bancos centrais e outras entidades atuaram de forma a enfrentar a crise e defendeu que se devem manter as medidas de apoio decididas para proteger "as empresas que sejam viáveis quando forem levantadas as restrições", sem que haja razões para destruir empregos.
A pandemia "não vai necessariamente minar o nosso potencial económico se agirmos com firmeza", mas vai provocar transformações importantes para as quais nos devemos preparar, considerou.
Como desafios num futuro pós-pandemia, Lagarde, citada pela agência Efe, apontou o risco de aumento das desigualdades, atingindo em particular mulheres e jovens e defendeu "um crescimento inclusivo como única forma de alcançar um crescimento económico sustentável".
Também advertiu para a "aceleração irreversível" do processo de digitalização das economias "o que não vai reduzir necessariamente o emprego, mas vai reorganizá-lo".
Lagarde apontou estimativas indicando que a transição acelerada pela pandemia destruirá cerca de 85 milhões de empregos até 2025, mas também criará outros 97 milhões de novos empregos.
"Isso é um desafio, mesmo que o saldo seja positivo", afirmou a antiga diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), que lembrou que mais de 60% dos empregos que existiam em 2018 não existiam em 1940.
A intervenção decorreu numa iniciativa organizada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para discutir a transformação económica no período após a pandemia.