"As 'fintech' e os bancos estabelecidos podem beneficiar caso os reguladores mundiais e as autoridades de concorrência forcem as grandes empresas tecnológicas ('bigtech') a partilhar dados para enfrentar preocupações de concorrência", pode ler-se numa nota da Fitch hoje divulgada.
A agência de notação financeira considera que "a capacidade de aproveitar a 'big data' e acelerar a digitalização e automação será uma determinante chave dos vencedores e perdedores a longo prazo no setor das instituições financeiras".
"A direção e priorização da regulação obrigando à partilha de dados e a lógica de 'mesma atividade, mesma regulação' irá ser uma chave para determinar quão rápida a digitalização das finanças e concorrência das Big Tech irá afetar os setores bancário e não bancário", crê a agência.
Para a Fitch, a nova regulação poderia "apoiar a inovação continuada para os setores financeiros ao permitir que os dados de uma fonte sejam utilizados entre 'silos', e fomentar os serviços de dados de crédito com perceções ganhas através de tecnologia de aprendizagem automática ['machine learning']".
A agência norte-americana antevê ainda que as 'pegadas' tanto das 'fintech' como das 'bigtech' "podem ser economicamente mais significativas nas regiões de mercados emergentes, como partes da América Latina, África e Ásia, onde a centralização dos serviços de dados de crédito tende a ser menos robusta, onde a regulação é menos rigorosa e onde residem grandes populações sem banco".
As preocupações acerca da concorrência estão "a tornar-se um foco cada vez maior para os reguladores", adianta a Fitch, que cita números da Comissão Europeia para referir que a economia digital ficou entre os 4,5% e os 15,5% do produto interno bruto (PIB) mundial em 2019.
Além do aumento de atividade das 'fintech', "as preocupações regulatórias centram-se na capacidade percebida que as 'bigtech' têm para aumentar a sua escala e ganhar uma posição dominante rapidamente".
Quanto à partilha de dados entre os dois setores de empresas tecnológicas, "permanecem questões relativamente às abordagens que as autoridades podem e irão tomar quanto à portabilidade dos dados e acesso", nomeadamente "quanta quantidade de dados pode e deve ser partilhada, em que jurisdição residem os dados e se a segurança pode ser assegurada, e até que ponto os repositórios de dados podem realmente ser medidos".