De acordo com o NECEP - Católica Lisbon Forecasting Lab, "no caso de Portugal, o impacto relativamente pequeno do confinamento parcial do último outono na atividade económica é uma surpresa positiva", recordando que "a atividade económica está a 94,1% do período pré-pandemia".
Segundo a entidade, o "suporte à manutenção de muitas atividades está a ocorrer com recurso a apoios públicos, aumento de endividamento e mobilização de património e poupanças individuais", alertando que esta estratégia "não é sustentável de forma prolongada".
Por outro lado, "a gravidade da situação sanitária e a imprevisibilidade em torno da duração do atual confinamento geral mantêm elevada a incerteza sobre o ano em curso", indicou a organização, considerando que "as variáveis-chave são a evolução da pandemia e a sua letalidade, a velocidade e eficácia do processo de vacinação e a duração do período de confinamento severo".
Assim, "o NECEP mantém, por enquanto, os cenários de evolução do PIB em 2021, se bem que o cenário pessimista se tenha tornado menos provável", lê-se na mesma nota. A organização apontava para uma queda de 8,4%, segundo recordou.
"No conjunto do ano 2020, o PIB registou uma contração de 7,6% em volume (crescimento de 2,2% em 2019), a mais intensa da atual série de Contas Nacionais, refletindo os efeitos marcadamente adversos da pandemia covid-19 na atividade económica", pode ler-se na nota hoje divulgada pelo INE.
O Governo apontava para uma contração económica de 8,5%, ao passo que a Comissão Europeia e o Conselho das Finanças Públicas esperavam uma queda de 9,3% do PIB, estando o Fundo Monetário Internacional mais pessimista (-10,0%).
De acordo com o INE, "a procura interna apresentou um expressivo contributo negativo para a variação anual do PIB, após ter sido positivo em 2019, devido, sobretudo, à contração do consumo privado".
Também o contributo da procura externa líquida "foi mais negativo em 2020, verificando-se reduções intensas das exportações e importações de bens e de serviços, com destaque particular para a diminuição sem precedente das exportações de turismo".
Relativamente ao quarto trimestre do ano passado, o PIB registou uma queda de -5,9% face ao mesmo período do ano passado, depois da quebra de 5,7% no terceiro trimestre.
"O contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB foi menos negativo que o observado no 3.º trimestre, refletindo, em larga medida, a diminuição menos intensa do investimento, apesar da redução mais pronunciada do consumo privado", explica o INE na estimativa rápida a 30 dias hoje conhecida.
Já "a procura externa líquida apresentou um contributo mais negativo no 4.º trimestre, verificando-se uma contração mais intensa das exportações de bens e serviços que a observada nas importações de bens e serviços".
Na comparação direta (em cadeia) com o terceiro trimestre do ano passado, o quarto trimestre registou uma ligeira subida do PIB em volume (0,4%), "após as fortes variações de sinal oposto nos trimestres anteriores (-13,9% e +13,3% no segundo e terceiro trimestres, respetivamente)", com contributos positivos da procura interna e externa líquida.