"Estivemos fechados no primeiro confinamento, abrimos em maio e depois no verão trabalhou-se mais ou menos bem. Depois, a partir de outubro, começou a quebra, e o Natal não foi o que costuma ser, sem jantares de empresas. Em 05 de janeiro, fechámos logo", resumiu à agência Lusa a gerente d'O Castiço, Carla Carvalheira.
Segundo a responsável, o restaurante, num ano normal, "trabalha bem o ano inteiro". Mas os meses do verão, apesar da muita procura, com filas à porta, não chegaram para compensar o resto do ano.
"Agosto foi bom, mas tínhamos a lotação a 50%. Foi melhor do que estávamos à espera, mas não foi o mês de agosto de outros anos", notou.
A pandemia, até ao momento, "roubou" dois dos três melhores momentos para os restaurantes de leitão da Mealhada - o Natal e a Páscoa (esta por duas vezes no ano passado e este ano) -, constatou, concluindo: "Só tive agosto".
Num restaurante pequeno e familiar, com sete funcionários, ainda não houve despedimentos, "mas tem sido um sufoco", realçou Carla Carvalheira.
"Estamos a dar tempo ao tempo e a aguentarmo-nos e a acreditar que quando retomarmos a coisa seja em grande. Nunca me passou pela cabeça despedir alguém e tento honrar os meus compromissos", disse a responsável do espaço, salientando que o processo de vacinação também "dá esperança" de que a retoma possa acontecer ainda este ano.
Se na maioria dos casos, tal como n'O Castiço, o 'take away' não tem compensado, no Rei dos Leitões, é a entrega ao domicílio que tem permitido faturação.
Com um sistema que já estava montado antes da pandemia, o restaurante faz 'take away', mas também entregas por todo o país.
"Dentro da anormalidade, está tudo normal, mas sinto as pessoas mais recatadas do que no ano passado. Há mais relutância em gastar dinheiro, porque se calhar há um ano achavam que isto era uma questão de um mês e agora percebem que não e estão-se a resguardar", explicou o proprietário do Rei dos Leitões, Paulo Rodrigues.
Este ano, ainda só trabalhou em regime de 'take away' e 'delivery', que, apesar de "não sustentar o negócio, ajuda".
"No verão, após o desconfinamento, sentimos uma grande ansiedade e necessidade de sair. O verão foi fabuloso e permitiu criar uma almofada para suportar o resto, mas não podemos fazer um verão para pagar as despesas do ano seguinte", contou Paulo Rodrigues, referindo que não tem ninguém em 'lay off' e que não despediu, nem tem intenção de despedir nenhum dos trabalhadores.
Já n'O Típico, estão todos os trabalhadores em 'lay off', por considerarem que não haveria procura suficiente para o regime de 'take away', nem a garantia de assegurar qualidade do leitão, aclarou a responsável do espaço, Margarida Flor.
"Gerir uma casa fechada é muito difícil", desabafou, vincando algumas dúvidas sobre o futuro, apesar de admitir alguma expectativa de que se comecem a ver sinais de retoma.
Se, em 2020, a Churrasqueira Rocha optou por não fazer 'take away' de leitão, este ano já criou essa possibilidade aos fins de semana, ao mesmo tempo que, face às restrições de mobilidade de concelhos, apostou noutros pratos para os clientes do concelho.
"Como a procura é de pessoas da zona, que estão fartas de leitão, estamos a pensar até fazer um prato mais elaborado para a Páscoa para os clientes da zona", aclarou o proprietário do restaurante, Joaquim Rodrigues.
Apesar de um verão "bom e forte", com muita procura, a faturação foi inferior em relação a anos anteriores: 2020 fechou-se com um saldo negativo e uma quebra de cerca de 40% na faturação.
"Somos 32 pessoas. Somos uma equipa grande, mas quisemos e queremos manter a equipa. Temos conseguido e acreditamos que vamos conseguir recuperar", salientou Joaquim Rodrigues, considerando também ele que a vacina vem dar "algum alento".
"Temos que pegar em tudo o que nos dê alento. A vacinação está a decorrer e é algo que nos dá alguma confiança, assim como aos nossos clientes", acrescentou.
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