O Banco de Portugal (BdP) disse, esta segunda-feira, que tem tomado conhecimento de diversas situações em que pessoas coletivas ou singulares propõem ao público, através das redes sociais, em especial do Facebook, a concessão de empréstimos exigindo, como contrapartida, o pagamento de valores monetários recorrendo as falsas justificações.
"Normalmente, estas entidades afirmam conceder empréstimos, rapidamente, sem formalidades complexas, sem a prestação de garantias, com discrição e a todas as pessoas, mesmo àquelas que não conseguem obter crédito junto do sistema financeiro", refere o BdP, numa nota publicada no seu site.
É fundamental o utilizador estar informado para evitar 'cair' num destes esquemas. De entre as "particularidades" destas propostas, o BdP destaca as seguintes:
- Os contactos com os clientes são estabelecidos, normalmente, através da publicitação, nomeadamente, no Facebook, de ofertas de concessão de crédito a pessoas que necessitam com urgência de 'liquidez';
- Os autores da publicação usam, por vezes, e indevidamente, o nome e a imagem de instituições financeiras autorizadas ou de pessoas singulares reconhecidas publicamente, credíveis, para gerar confiança nos potenciais clientes;
- Após a captação do cliente, nomeadamente, através do perfil de Facebook, o diálogo, muitas vezes, é iniciado através da plataforma Messenger ou Whatsapp, ou através de um contacto de email/número telefónico fornecido – muitas vezes com indicativo estrangeiro – para obtenção de mais informações;
- São solicitadas ao cliente informações pessoais e cópias de documentos, destinadas a dar credibilidade ao pedido, como nome completo, morada, número de identificação fiscal e/ou cópia de um documento de identificação, recibos de vencimento, entre outros;
- Após comunicar os termos do empréstimo, tais como o valor, os juros e o montante das prestações mensais – os quais são dados a conhecer em forma de texto ou através de supostos contratos, na sua maioria, falsificados –, estas entidades solicitam o adiantamento de uma verba para que o montante do empréstimo seja supostamente disponibilizado;
- Estes adiantamentos são, muitas vezes, classificados como “pagamento de seguro”, “quantia necessária para libertação do crédito”, “taxa de transferência internacional” ou “pagamento de impostos”;
- Após o pagamento destes adiantamentos, sucedem-se, com frequência, novos pedidos de dinheiro, a pretexto de diversas justificações, que são, muitas vezes, acompanhados de presumíveis comprovativos falsificados de transferências bancárias do montante do empréstimo solicitado;
- Os clientes veem-se envolvidos num contexto de sucessivos pedidos de fundos para desbloqueio do capital, que acreditam estar apenas dependente do pagamento dessas quantias;
- Os clientes nunca recebem os montantes de empréstimo solicitados;
- Estas propostas de empréstimo configuram esquemas fraudulentos que visam a obtenção de um benefício ilegítimo por entidades não autorizadas a conceder empréstimos, as quais, de uma forma ardilosa, se aproveitam da situação de especial necessidade das pessoas.
De sublinhar que, em caso de dúvida, pode sempre consultar a lista de entidades autorizadas no site do BdP - pode aceder através deste link.
O supervisor da banca recomenda aos utilizadores que antes de contratarem "quaisquer empréstimos ou entregarem quaisquer quantias no âmbito de possíveis contratos de financiamento, os visados devem verificar, cuidadosamente, a legitimidade das entidades financiadoras" na lista em cima mencionada.
Leia Também: Portugal não deve adotar medidas sobre moratórias de forma isolada