Numa carta a que a agência Lusa teve hoje acesso, dirigida ao diretor-geral da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), os trabalhadores da empresa referem que, passados quase 30 dias sobre a decisão de suspensão da licença de exploração, "a empresa continua impossibilitada de produzir energia, sua única fonte de rendimentos, o que deixa todos muito preocupados com a manutenção dos postos de trabalho".
A DGEG, através de um despacho de 09 de março, determinou "a suspensão dos efeitos da licença de exploração atribuída à central termoelétrica da Bioenergy - Sociedade de Produção de Energia, S.A. pelo prazo de sete meses a contar da data de notificação do despacho, que se converterá em revogação da licença caso a fiscalização a realizar ateste a manutenção de irregularidades".
O documento, assinado pelo diretor-geral João Bernardo, refere que "a suspensão poderá cessar antes do prazo fixado ou prologar-se", caso "as medidas necessárias sejam adotadas antecipadamente ao prazo fixado ou caso seja necessário prorrogação daquele prazo para a respetiva adoção".
Na carta, os trabalhadores sublinham que, logo após a ação inspetiva de 04 de novembro de 2020, "a empresa iniciou, de imediato, a correção de algumas situações que tinham sido reportadas pela empresa de higiene e segurança no trabalho" que, "coincidentemente, correspondiam às identificadas pelas várias entidades presentes, sendo que em 09 de março se encontravam praticamente todas corrigidas, razão pela qual, criou espantou a gravidade da medida determinada".
"Infelizmente, não temos tido por parte das autoridades políticas locais e nacionais qualquer contacto, nem ouvimos da parte dos mesmos qualquer palavra de conforto ou sossego. Não sentimos qualquer preocupação com os trabalhadores da fábrica, com os nossos postos de trabalho e com as nossas famílias. Ao longo dos últimos tempos sentimo-nos completamente abandonados", lê-se na missiva.
Segundo a Comissão de Trabalhadores, na totalidade, dependem da empresa mais de 90 colaboradores diretos e todo o setor do azeite "será impedido de laborar", caso a empresa "não consiga operar com normalidade".
Adiantam ainda que, nos últimos anos, apesar da situação financeira difícil, a empresa fez um esforço no investimento para melhorar as condições de laboração.
"É visível que o desempenho ambiental da empresa nos últimos anos melhorou de forma decisiva, mas, face à situação, estamos muito preocupados com a manutenção dos nossos postos de trabalho".
A carta foi enviada para a DGEG, com conhecimento à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) e Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
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