"O país está confrontado com uma crise muito grave, muito difícil, não só pela pandemia, mas também [ao nível] económico e social", afirmou António Costa e Silva, durante uma audição parlamentar na comissão eventual para o acompanhamento da aplicação medidas resposta à pandemia covid-19 e do processo de recuperação económica e social.
Este responsável, que foi nomeado pelo Governo para coordenar a preparação do plano de relançamento da economia, sublinhou ser necessário fazer um balanço do processo de resposta à pandemia, destacando a importância da articulação entre as instituições democráticas e os especialistas.
No que se refere à recuperação económica e social, o especialista lembrou que Portugal tem cerca de 430 mil desempregados inscritos nos centros de emprego, um número que, conforme alertou, poderá ainda ser maior, que 27% das empresas apresentam capitais próprios negativos, ou seja, estão "à beira da falência", e que um em cada cinco portugueses estão no limiar da pobreza.
Por outro lado, o gestor vincou que medidas como as linhas de crédito, as moratórias e o 'lay-off' simplificado tiveram impacto na subida da dívida.
No entanto, reconheceu que algumas respostas estão a funcionar, apesar dos beneficiários apresentarem algumas queixas, nomeadamente, devido à burocracia das mesmas.
Para o também professor, a articulação entre instituições e especialistas deve ser utilizada perante crises futuras, nomeadamente, no que se refere a temáticas como alterações climáticas, energia e ataques cibernéticos.
Durante a sua intervenção inicial, António Costa e Silva lembrou ainda que a pandemia "suscitou uma resposta do âmago do sistema democrático", acrescentando que o parlamento e os políticos "foram capazes de encontrar plataformas para a decisão política" e, a partir daí, contribuir para o bem comum.
"Há questões suscitadas pela pandemia, como a organização da informação, [gestão] do conhecimento e também do desconhecimento [...], que são uma experiência rica que o país tem acumulada. Positiva, com erros, omissões e também com respostas importantes que não podemos deixar de considerar", notou.
"O país só vai superar a crise económica e social e gerar riqueza através de um modelo de desenvolvimento assente na inovação tecnológica e, por isso, o papel das universidade e politécnicos é importante", disse.
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