Eduardo Stock da Cunha, que esteve à frente da instituição entre 2014 e 2016, foi hoje ouvido na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.
"É importante distinguir o trigo do joio. Fico um bocadinho melindrado quando ao nível público se decidiu tratar todo o Novo Banco, incluindo os seus trabalhadores, como um bando de malandros", disse, durante o período de respostas à deputada do BE Mariana Mortágua.
Segundo Stock da Cunha, tal como em outras atividades -- incluindo deputados -- "em nove mil pessoas haverá algumas maçãs podres".
"Mas dizer que nove mil pessoas, que sofreram ameaças de integridade física, que perderam muito com o que aconteceu ao BES e pô-los todos no mesmo cesto pareceu-me mais do que injusto, incorreto" apontou, deixando claro que "a esmagadora maioria dos trabalhadores do Novo Banco era de altíssima qualidade".
O antigo presidente da instituição foi mais longe.
"Não sei se todos os bancos portugueses que passaram por aquilo que passou o BES e posteriormente o Novo Banco seriam capazes de resistir como resistiu o Novo Banco", enalteceu.
Apesar de tudo, de acordo com Stock da Cunha, "o Novo Banco sobreviveu até ao dia em que foi vendido", o que considera ser "é o mais importante".
"O BES é um falhanço sério na capacidade empresarial de Portugal, numa certa forma de fazer negócio", afirmou, considerando claro que "a própria supervisão" podia "ter feito mais".
O antigo presidente do Novo Banco defendeu a necessidade de fazer uma "reflexão positiva" do facto de o "terceiro maior banco do sistema financeiro português ter falido e apesar de tudo o que lhe sucedeu, com todos as alterações e dificuldades que houve no caminho, o banco foi capaz de dar a volta".
"O Novo Banco continuou a ser um banco de referência para as empresas e para os particulares portugueses e as pessoas voltaram a ter confiança no Novo Banco", enfatizou.
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