"Os resultados do BdP são muito positivos e são, em especial, explicados pela componente de receita de juros associada à gestão das medidas de política monetária", começou por explicar Mário Centeno numa conferência de imprensa, em Lisboa, onde foi apresentado o relatório de contas do banco central de 2020.
Segundo o governador, a gestão das medidas de política monetária "tem permitido ao banco ter um conjunto de receitas muito significativo que no final de cada ano é entregue ao Estado na forma de dividendos".
Em 2020, essa componente relativa aos ativos de política monetária foi de 882 milhões de euros de receita, apenas menos 8,0 milhões face a 2019, referiu Centeno.
No entanto, continuou o governador, há um efeito no sentido contrário "que explica em grande medida a evolução dos resultados face a 2019 e que teve a ver com os juros relacionados com as operações de refinanciamento".
Segundo Mário Centeno, trata-se de despesas do banco central com implementação das medidas de apoio à liquidez dos bancos.
"Tínhamos orçamentado uma verba de 75 milhões de euros para esta componente, que comparava com 48 milhões de euros no realizado de 2019 e a verdade é que tivemos um executado de 2020 de 201 milhões de euros, ou seja, há mais 153 milhões de euros face a 2019 de juros suportados associados às operações de refinanciamento", afirmou.
Este efeito está associado "em grande medida" ao benefício adicional dado aos bancos com a decisão do BCE de junho de 2020, apoio que pode ir até -1% de taxa de juro, explicou Centeno.
Já segundo o administrador do Banco de Portugal Hélder Rosalino, a expectativa para 2021 é que os resultados do banco central se mantenham "próximos aos de 2020", prevendo-se, assim, uma entrega de dividendos e impostos em 2022 semelhante ao valor relativo a 2020 e entregue agora ao Estado.
O Banco de Portugal (BdP) entregou ao Estado dividendos no valor de 428 milhões de euros, referentes ao ano passado, abaixo dos 607 milhões de euros relativos a 2019, segundo o Relatório do Conselho de Administração hoje divulgado.
Já entre dividendos e impostos sobre o rendimento corrente, o banco central entregou ao Estado um total de 671 milhões de euros.
Os dividendos e os impostos são relativos ao resultado apurado em 2020, ano em que o banco teve lucros de 535 milhões de euros, quando em 2019 os lucros foram de 759 milhões de euros.
Segundo o BdP, "o resultado líquido foi de 535 milhões de euros, 31 milhões de euros superior ao resultado orçamentado para 2020".
No Orçamento do Estado para 2021, o Governo previa que, relativos a 2020, o Banco de Portugal entregasse ao Estado dividendos de 374,5 milhões de euros.
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