"Devemos esperar uma mudança temporária da inflação, à medida que começamos a ver as cadeias de oferta a reabrir por toda a Europa", disse o também ministro das Finanças irlandês à Lusa, numa entrevista conjunta com o homólogo português, João Leão.
O líder do grupo informal de ministros das Finanças da zona euro enquadra as mudanças na inflação numa altura em que se começa a ver "retalhistas, fabricantes a preencherem os 'stocks'", a "procurarem acesso a matérias-primas" e empregadores "a recontratarem funcionários".
O responsável irlandês salientou ainda a importância de se olhar para a inflação no contexto em que no mercado europeu ainda há "altos níveis de desemprego" ou "de subemprego", ou seja, que não aproveita todas as capacidades dos trabalhadores.
Paschal Donohoe apontou para previsões de inflação de 1,3% ou 1,4% em 2023, "algo muito em linha" com anteriores números.
Já João Leão salientou a necessidade de se pensar na missão do Banco Central Europeu (BCE).
"Aquilo que era a margem para a política monetária tradicional estabilizar a economia, está usada no seu limite. As taxas de juro estão a zero, não existe muita margem para o BCE ajustar para baixo, porque atingimos o limite de 'lower bound', de limite inferior", disse na mesma ocasião o ministro português.
Para o ministro, o facto das taxas estarem tão baixas há cerca de dez anos "faz-nos pensar qual é o papel da política orçamental neste contexto e em que medida é que ela pode ajudar a política monetária".
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