Espanhóis 'animam' comércio e restaurantes em Vila Real de Santo António

A abertura das fronteiras luso-espanholas levou mais visitantes espanhóis à localidade algarvia de Vila Real de Santo António e já se notam melhorias nos negócios, sobretudo ao fim de semana, disseram comerciantes locais à agência Lusa.

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Lusa
25/05/2021 08:44 ‧ 25/05/2021 por Lusa

Economia

Vila Real de Santo António

 

Quase um mês depois da reabertura das passagens fronteiriças com Espanha, em 01 de maio, depois de cinco meses encerradas, os empresários do comércio e restauração na localidade já sentem o impacto da procura por parte dos 'vizinhos' espanhóis, embora a afluência esteja ainda distante de outros tempos.

A agência Lusa ouviu comerciantes da cidade situada junto à foz do rio Guadiana, no distrito de Faro, e todos consideraram que os negócios têm vindo a melhorar bastante nas últimas semanas, mas com a faturação e a afluência de clientes a subir mais aos fins de semana.

Ana Rua, proprietária de uma loja de atoalhados no centro histórico de Vila Real de Santo António, relatou à Lusa que o movimento de clientela "já se faz sentir", mas considerou que "ainda é cedo para quantificar" os resultados alcançados em valores ou percentagens.

Se antes das medidas tomadas para conter a pandemia de covid-19 era aos dias de semana que se registava mais movimento - pelo menos nesta altura do ano -, agora, segundo a empresária, é aos fins de semana que o movimento mais se faz sentir, num cenário atualmente "bastante melhor", devido à reabertura de fronteiras.

"Antigamente, em maio, o fim de semana era mais fraco do que os dias da semana, mas agora, desde que a fronteira abriu, os fins de semana têm sido bastante bons", afirmou, acrescentando que, durante as restrições nas fronteiras, "só abria [a loja] de manhã, porque não valia a pena devido à falta de clientes".

A mesma fonte observou que a cidade "depende dos visitantes, sobretudo espanhóis", havendo artigos "que voltaram ao armazém porque não tiveram saída" no tempo em que o controlo policial na fronteira terrestre só autorizava a passagem de mercadorias e pessoas com causa justificada pela ponte internacional sobre o Guadiana, localizada cinco quilómetros a norte, em Castro Marim.

A Lusa falou também com Luís Camarada, empresário da restauração e hotelaria, que reconheceu ter "sentido uma melhoria, tanto na restauração como no alojamento, sobretudo ao fim de semana", quando os negócios funcionam melhor devido a "uma maior afluência de espanhóis".

"Ainda é escasso, limitamo-nos a um dia e meio de trabalho, são dois almoços [sábado e domingo] e um jantar [sábado], e uma ou duas dormidas, mas ainda não é suficiente, porque sofremos muito no inverno e viemos de um ano em que se acumularam prejuízos", exemplificou.

Luís Camarada disse que os visitantes "ainda sentem muito receio" devido à covid-19, embora ao fim de semana pareçam perder "um pouco esse receio" e ali se desloquem em família, mas frisou que os clientes que iam "ao dia de semana, sozinhos, para passear e fazer compras", não têm ido.

José Guerreiro tem um quiosque junto à alfândega de Vila Real de Santo António e disse também que o "principal movimento se nota ao fim de semana", reconhecendo, contudo, que ainda "não se veem espanhóis como antes", sobretudo aos dias de semana.

"Vamos ver agora, com os hotéis a abrirem e com os barcos já a funcionar, se as coisas melhoram, mas o movimento ainda está longe do que era antes", afirmou, numa referência à reabertura da travessia fluvial entre os dois lados da fronteira.

Francisco Santos, da empresa de transportes do Guadiana, explicou à Lusa que as ligações fluviais entre Ayamonte e Vila Real de Santo António "foram retomadas na quinta-feira, com apenas uma embarcação, que só leva passageiros".

A embarcação que faz a travessia entre os dois países tem "capacidade para 500" passageiros, mas está a funcionar com "horários reduzidos", porque "o movimento ainda não justifica fazer horários completos".

A mesma fonte disse que a empresa está a fazer "um esforço" para conseguir "garantir o serviço, mesmo "com prejuízo", porque a embarcação mais pequena, que habitualmente faz a travessia, "ainda aguarda a renovação da licença", situação que impediu também a empresa de retomar o serviço logo no início de maio.

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