"A ideia é começar entre Braga e a fronteira portuguesa, é um projeto de 900 milhões de euros e os prazos previstos é que se possa começar esse projeto, uma vez finalizados os projetos construtivos necessários para poder começar a obra, a partir do ano 2025, aproximadamente", declarou o presidente da Junta Autónoma da Galiza, Alberto Núñez Fejióo, após uma audiência com o primeiro-ministro, António Costa, que decorreu em Lisboa.
O político galelo indicou que os 900 milhões de euros são exclusivamente investimento português, que se prevê financiado através do próximo período de fundos europeus.
"Agradeço muito ao Governo português e ao seu primeiro-ministro a confirmação da prioridade ferroviária entre Lisboa - Porto, Porto - Braga, Braga - fronteira portuguesa. Agradeço muito, além de mais, que a maior infraestrutura comece entre Braga e a fronteira com a Galiza", disse o presidente da Junta Autónoma da Galiza.
Alberto Núñez Fejióo defendeu que esta "é uma grande decisão estratégica de Portugal, uma grande decisão de todo o Eixo Atlântico e uma grande decisão de todas as aldeias, cidades e comunidades que compõe o Eixo Atlântico".
O primeiro comboio de alta velocidade entre Braga e a fronteira portuguesa prevê-se que circule entre "220 a 250 quilómetro/hora", adiantou o político galelo.
O investimento português implica também duas grandes infraestruturas na Galiza, nomeadamente "converter Vigo numa estação passante, com um projeto de cerca de 500 milhões de euros e, posteriormente, ligar Vigo com Guilharei e Tui, que é um trajeto de uns 30 quilómetros e, assim, ligar definitivamente por via férrea toda a Galiza com o norte e o centro de Portugal até Lisboa".
"Esta viagem [até Lisboa] só por esta confirmação já valeu a pena", apontou, considerando que esta "é uma grande notícia" para Galiza, Espanha e Portugal.
Questionando sobre quando está prevista a ligação Lisboa -- Vigo, Alberto Núñez Fejióo remeteu a resposta para António Costa, ainda que o governante português não tenha prestado declarações aos jornalistas após a audiência.
"Mas, Lisboa -- Vigo seria em três horas [com comboio de alta velocidade]. Compreenderá que ligar Lisboa com Vigo é um sonho e fazê-lo em três horas é um antes e um depois para as relações entre o norte de Espanha, Galiza e Portugal. Neste momento, a ligação entre Porto e Galiza é duas horas e 15 minutos, aproximadamente, e passaria a ser 55 minutos, portanto, automaticamente estaríamos numa conectividade ferroviária absolutamente distinta, que competiria com a conectividade por autoestrada, de uma forma clara", afirmou o político galelo.
Além da ligação Lisboa - Vigo, o comboio de alta velocidade vai permitir "chegar desde o centro de Lisboa a Corunha em quatro horas, é um antes e um depois para todo o Eixo Atlântico", reforçou.
Na audiência com o primeiro-ministro de Portugal, o presidente da Junta Autónoma da Galiza falou ainda da situação da pandemia do novo coronavírus e da vacinação contra a covid-19, assim como da recuperação da atividade económica e o futuro das relações transfronteiriças.
Alberto Núñez Fejióo comunicou também os interesses dos autarcas portugueses e galelos na zona de Vinhais e A Gudiña para tentar melhorar as condições viárias, tanto para ligar todo este território, como para utilizar a estação ferroviária de A Gudiña e poder ligar até à Galiza e até Madrid as populações portuguesas transfronteiriças, algo que o primeiro-ministro disse que iria avaliar com o gabinete de Infraestruturas.
O político galelo revelou o projeto de 20 mil milhões de euros, a financiar pelos fundos Regeneretion, nomeadamente para a área de automatização, em que "Portugal e Galiza são um polo ibérico da automatização muito importante", destacando as reservas de lítio, e para os temas energéticos, abrangendo a energia eólica, o hidrogénio verde, a energia hidráulica e fotovoltaica.
Sobre os fundos transfronteiriços, a Galiza arrecadou 130 milhões de euros nas últimas convocatórias do programa Interreg VA Espanha-Portugal (POCTEP) e está a preparar e a concluir as novas propostas, em que um dos projetos é a instalação de uma pista para aeronaves nas proximidades da serra do Xúres, num investimento de nove milhões de euros, para dar uma capacidade logística de combate a incêndios rurais.
Relativamente ao turismo, Alberto Núñez Fejióo destacou a celebração do Ano Xacobeo, que, pela primeira vez, estender-se-á por dois anos seguidos (2021 e 2022) devido à situação pandémica, e do Caminho de Santiago.
O presidente da Junta Autónoma da Galiza convidou António Costa a fazer o Caminho de Santiago, ao que o primeiro-ministro respondeu que seria "melhor no ano de 2022", porque estaria com mais disponibilidade de agenda.
Hoje de manhã, numa audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o político galelo fez o mesmo convite e o chefe de Estado confirmou que vai fazer uma etapa do Caminho de Santiago em agosto deste ano.
[Notícia atualizada às 20h25]
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