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Fragmentação do H2Sines vai fazer "com que surjam mais projetos"

O ministro do Ambiente desvaloriza a fragmentação do consórcio H2Sines, que reunia a EDP, Galp, Martifer, Vestas e REN, com o objetivo de implementar um 'cluster' de produção de hidrogénio verde, considerando que vai fazer "com que surjam mais projetos".

Fragmentação do H2Sines vai fazer "com que surjam mais projetos"
Notícias ao Minuto

06:43 - 09/06/21 por Lusa

Economia H2Sines

Em entrevista à agência Lusa, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, defendeu que "esta fragmentação do consórcio vai fazer com que surjam mais projetos e haja ainda uma maior produção de hidrogénio verde", comentando assim a saída da EDP, REN e Galp do grupo de empresas que em julho do ano passado se propôs "estudar a viabilidade da criação de uma cadeia de valor para a exportação do hidrogénio de Sines para o Norte da Europa".

"Passou um ano e foi um ano muito animado do lado dos projetos que apareceram, mais animado do que estimávamos à partida", declarou o governante, realçando que "só em Sines estão previstos seis grandes projetos".

Questionado sobre os outros projetos previstos, o Ministério adiantou à Lusa o da Fusion Fuel, referindo que os outros quatro pedem reserva.

O ministro com a tutela da Energia disse que a indicação que tem é que, apesar da saída de alguns 'pesos pesados', o consórcio se mantém - com a Vestas, Engie e a Martifer-, contrapondo que o H2Sines "não era o maior projeto" de hidrogénio em curso. Esse está previsto para Estarreja, liderado pela Bondalti (antigo grupo químico CUF, que pertence ao Grupo José de Mello), e tem um investimento previsto de 2.400 milhões de euros.

Ainda sobre o desmantelamento do consórcio para o hidrogénio verde em Sines, o governante disse que, no caso da Galp, "a razão é muito simples, é porque tem de andar mais depressa. É absolutamente crucial para a Galp a descarbonização da atividade de refinação".

"O que a Galp veio dizer é que não tinha tempo para esperar. Tem que andar muito mais depressa", acrescentou.

Já em relação à saída da REN, Matos Fernandes justificou com a necessidade de a empresa gestora das redes ter de ter "uma posição mais neutra".

"Há um ano estávamos num grau de conhecimento muito mais fácil do que temos hoje, mas a REN a partir do momento em que percebeu que o número de projetos de injeção na rede -- já há um no Seixal, que já está a começar a injetar hidrogénio na rede -, e como a REN tem o exclusivo da distribuição dos gases em Portugal, [...] tem de se por numa posição neutral", declarou.

Para o ministro, neste novo cenário, a empresa liderada por Rodrigo Costa "não pode ser promotora de nenhum projeto em concreto". "Tem é que encontrar tarifas justas para que esse hidrogénio possa chegar a casa das pessoas e às indústrias", disse.

Também a EDP decidiu abandonar o consórcio H2Sines, lançado no ano passado para estudar a viabilidade de um mega-projeto de hidrogénio verde em Sines, afirmando que "a sua estratégia e futuros investimentos em hidrogénio verde deverão aplicar-se a outros projetos com os quais espera, de igual forma, continuar a contribuir para a descarbonização da economia", segundo noticiou o Expresso.

Em entrevista à Lusa, Matos Fernandes vincou que não dá um valor diferente ao projeto H2Sines, face aos outros, reconhecendo o papel que teve de promotor, quando, sabendo do interesse da Holanda na importação de hidrogénio, decidiu ouvir os presidentes das três maiores empresas portuguesas - EDP, Galp e REN - para "saber com que contava do lado português".

"Este é certamente um projeto importante, mas, repito, em Sines existem já seis grandes projetos em que o consórcio era apenas um deles. Haver consórcio ou não era uma decisão das empresas", afirmou.

Em relação ao destino do hidrogénio a ser produzido, o governante defende pensar na exportação, "mesmo sabendo que o mercado português é suficientemente grande para absorver o hidrogénio que vai ser produzido em Portugal".

"Queremos quebrar o paradigma de um país eternamente importador de energia para um país que passe a ser exportador da energia. Isto deve criar muitas comichões a muitas pessoas, mas acho que não faz qualquer sentido", lançou.

O ministro defende que os propósitos do Governo em relação ao hidrogénio verde "são exatamente os mesmos, mas a dimensão dos projetos é muito maior do que a estimada há um ano".

Em 21 de maio de 2020, o Governo aprovou a estratégia nacional para o hidrogénio, que prevê investimentos de 7.000 milhões de euros no horizonte 2030, levando a uma redução da importação de gás natural de 300 a 600 milhões de euros.

Leia Também: Galp prevê acelerar investimento em novas energias como lítio em 10 anos

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