Em declarações à agência Lusa, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab) José Eduardo Andrade disse que a atividade registada está a ser assegurada por elementos das chefias e por trabalhadores subcontratados.
Os trabalhadores da Super Bock Bebidas estão em greve desde as 20:00 de segunda-feira até às 20:00 de hoje, em protesto contra os aumentos salariais de "0%" propostos pela administração.
A esta greve segue-se um outro dia de paralisação, no feriado de 10 de junho, no âmbito da já duradoura greve em vigor ao trabalho suplementar.
Segundo adiantou à Lusa o dirigente sindical, para as 09:00 da próxima sexta-feira está marcado um plenário de trabalhadores nas instalações da empresa, em Leça do Balio, no concelho de Matosinhos.
Contactado pela Lusa, o Super Bock Group referiu que esta é a "terceira greve no espaço de seis meses", considerando tratar-se de "uma posição incompreensível dado o contexto que o país ainda atravessa (com confinamento geral durante 2,5 meses, a contração do mercado de cerveja em Portugal e a incerteza quanto ao regresso a uma normalidade)".
De acordo com o Sintab, os efeitos dos três dias seguidos de greve "seriam catastróficos num verão normal", em que a empresa estaria "a produzir diretamente para o consumidor", mas, tratando-se de um "verão atípico", devido à pandemia, "há alguma capacidade de armazenagem que irá compensar as necessidades".
"Mas achamos que não será o suficiente, portanto, nos próximos dias, alguma coisa haverá de falhar em termos de fornecimento de cerveja ao país", antecipou José Eduardo Andrade.
Segundo a Comissão de Trabalhadores (CT) da Super Bock, no dia 12 de fevereiro os sindicatos (Sintab e Sinticaba) e a administração reuniram-se "para iniciar o processo de negociação das propostas de atualização do Acordo Coletivo do Trabalho, nomeadamente ao aumento salarial, apresentadas à empresa".
"Dessa reunião saiu uma clara e inequívoca intenção, por parte da Super Bock, de não negociar as propostas apresentadas pelos sindicatos, salientando, mesmo, um aumento de 0%", lê-se numa nota da CT, que acrescenta que, "após essa data", a empresa "não mais se mostrou disponível para voltar à mesa das negociações".
À Lusa, a empresa garantiu, contudo, que se mantém, "tal como sempre se manteve, disponível para retomar o processo negocial com os sindicatos, aguardando por parte destes igual disponibilidade".
A CT acusa ainda a Super Bock de aplicar "vários regimes de horários desregulados, há muito tempo anunciados, na área industrial, fazendo com que os trabalhadores vissem os seus rendimentos reduzidos e as suas vidas, social e familiar, afetadas".
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