"O banco informou hoje os sindicatos de que vai implementar um plano de redimensionamento que levará à saída de cerca de mil trabalhadores, através de reformas e rescisões por mútuo acordo", adiantaram o SBN - Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal (SBN), o Sindicato dos Bancários do Centro (SBC), e o Sindicato da Banca, Seguros e Tecnologias - Mais Sindicato (Mais)".
De acordo com as estruturas sindicais, Miguel Maya, presidente executivo (CEO) do BCP, "reuniu-se esta manhã com o Mais Sindicato, o SBC e o SBN para comunicar-lhes a decisão de reduzir o quadro de pessoal até mil trabalhadores, informação também transmitida hoje aos bancários da instituição".
De acordo com a nota conjunta dos três sindicatos, "os trabalhadores serão contactados pelo banco nas próximas duas semanas, departamento a departamento, sendo o tipo de proposta decorrente da situação de cada um".
As entidades revelam ainda que "o plano terá maior impacto nos serviços centrais e justifica-se, segundo o CEO, pelo desenvolvimento tecnológico implantado, que reduziu a necessidade do atual número de trabalhadores". Além disso, "o banco está igualmente a diminuir a utilização de serviços em 'outsourcing', mantendo somente aqueles em que a vantagem tecnológica é evidente", informam.
Segundo os sindicatos, "apenas os trabalhadores com 57 ou mais anos serão elegíveis para reforma, mas podem, também, ser contactados para uma rescisão por mútuo acordo (RMA)".
Neste caso, "o BCP propõe 1,4 da remuneração mensal efetiva (RME)", referem, acrescentando que "os trabalhadores que ponderem esta possibilidade, devem saber desde já que não terão direito a subsídio de desemprego".
As estruturas dizem ainda que "se o processo correr bem do ponto de vista do banco, poderá não ser necessário chegar às mil saídas".
"Face a esta situação, o Mais Sindicato, o SBC e o SBN garantem aos respetivos sócios que dirigentes sindicais e serviços jurídicos estão totalmente disponíveis para o acompanhamento de tudo e de cada um dos afetados", dizem.
O BCP vai dar início, a partir de 16 de junho, a um plano de redução de pessoal que deverá começar pela adesão a medidas voluntárias, mas que poderá recorrer a "medidas unilaterais", segundo uma mensagem interna, na qual a instituição diz que não pretende para já revelar o número de pessoas abrangidas.
Na missiva, a que a Lusa teve acesso e que é assinada pelo presidente executivo do banco, Miguel Maya, o BCP recordou aos colaboradores que este ajustamento estava previsto para 2020, mas que, devido à pandemia, a instituição resolveu não avançar com o plano.
"O processo inicia-se com este apontamento que dirijo a todos os trabalhadores, e prosseguirá agora com as reuniões com os sindicatos, com a Comissão de Trabalhadores e com a DGERT [Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho], as quais podem levar a alguns ajustes na forma como planeámos a execução", adiantou Miguel Maya.
"Perspetivamos que o período de adesão ao programa de reformas e rescisões por mútuo acordo se inicie no próximo dia 16 de junho e decorra até 18 de agosto", lê-se na mensagem, que ressalva depois que, "na eventualidade de ser necessário para alcançar a redução em função dos critérios específicos", poderão ser implementadas "medidas unilaterais de redução do número de trabalhadores".
O BCP estima que o final do período negocial seja em 20 de setembro, refere o presidente da instituição.
"Não salientamos ainda as condições e o número concreto de pessoas a abranger, pois entendemos que tal só deverá ser conhecido após as reuniões a realizar com as estruturas representativas dos trabalhadores, as quais perspetivamos possam ocorrer até 16 de junho", explica.
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