A comissária-geral de Angola na Expo 2020 Dubai, Albina Assis, apresentou hoje, em Luanda, os objetivos da participação de Angola na Expo 2020 Dubai, que tem como tema geral "Conectando Mentes, Criando o Futuro", na qual o país lusófono africano terá a sua presença no pavilhão "Oportunidades", sob a temática "Conectar com a tradição para inovar", representada pela cultura do povo Lunda Tchokwe.
Albina Assis disse o orçamento teve aprovação do Presidente da República, salientando que a maior verba foi para a construção do pavilhão, feito em betão, "como se estivesse a fazer um prédio", diferente da Itália, construído em madeira.
"Esse pavilhão realmente orçou à volta de 4,5 milhões de dólares [3,8 milhões de euros], todos os restantes gastos são para o apetrechar", explicou a comissária-geral, acrescentando que depois tem de se tratar da exposição: "Contrariamente ao que as pessoas pensam a expo não é pendurar papéis".
A responsável salientou que devido à situação financeira desta vez foi feito "um bolo - expografia, apetrechamento cozinha, das salas", além dos recursos humanos, frisando que apesar do atual contexto económico que o país enfrenta, Angola não pode "andar para trás".
"Nós saímos de Milão com a cabeça levantada, saímos de Milão (Itália) ultrapassando países europeus, fomos o segundo país em termos de classificação em Milão, a medalha de ouro foi para a Alemanha e a medalha de prata foi para Angola, nós tivemos 2.500.000 visitantes no nosso pavilhão, portanto, já temos uma cultura de mostrar uma África diferente, não somos superiores aos outros, mas procuramos mostrar diferente, mostrar que África tem capacidade para fazer alguma coisa, isto realmente tem custos", disse.
Segundo Albina Assis, foi feito um esforço para se economizar, contudo, sem ferir ao que já se habituou o público.
"Nós somos daquele género que tapa um bocado a cabeça, tapa os pés, mas vamos esticando o cobertor a ver se dá para tapar tudo, é esta nossa cultura financeira, não é uma cultura de gastos, de excessos nem de exageros, é mesmo essa cultura do aperta um bocado, para fazer o melhor que se pode fazer, para mostrar ao mundo que Angola também é um país que tem capacidades instaladas", referiu.
Albina Assis frisou que esta posição de Angola ajuda a atrair investimento estrangeiro para o país, sublinhando que "a expo é também um agente de diplomacia económica".
"O grande problema é que a maior parte dos países africanos vai pedir ajuda e não pode ser, às vezes não precisa, nesta altura até é natural por causa da covid-19, mas há alturas em que não precisa, e nós de mansinho vamos fazendo. É essa nossa dignidade que nos leva poder chamar às vezes investidores, porque dizem: eles são sérios, eles fazem, eles trabalham. Mostramos trabalho e isto ajuda também a chamar investidor", salientou.
De acordo com Albina Assis, durante a expo serão também realizadas reuniões com investidores, além da participação do país em fóruns de investimento, "com vista a chamar investidores", ressaltando que durante o seu mandato já teve encontros para falar sobre a potencialidade agrícola de Angola.
"Nós não vamos ultrapassar no total os 12 ou 13 milhões de dólares [11 milhões de euros] porque não é possível, primeiro, porque não temos, já gastamos um tanto no pavilhão, vamos gastar outros três milhões [2,5 milhões de euros] na expografia e no apetrechamento e o resto, como eu digo, vamos apertar o cinto para gastar o mínimo", frisou.
A responsável disse que Angola tem procurado promover nas exposições a cultura angolana, o que não será diferente desta vez, com manifestações de dança, música, pintura, gastronomia, literatura, incluindo ainda a participação de Angola num festival de língua portuguesa, no qual fazem parte todos os Estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O dia 04 de fevereiro, data histórica do início da luta armada em Angola, foi escolhido para marcar o seu dia na Expo, com projeção em toda a feira.
Angola participou já nas Exposições Mundiais de Sevilha (1992), Lisboa (1998), Achi/Japão (2005), Saragoça (2008), Xangai (2010), Yeosu (2012), Milão (2015) e Astana (2017).