Rafaela Pinto, diretora geral da MSTR, pertencente ao grupo da família Seixas Pinto, explicou que o objetivo é "fortalecer o vínculo com Angola e com o mercado angolano", apostando na diferenciação dos vinhos.
A Quinta da Terrincha, uma propriedade com 350 hectares localizada no Vale da Vilariça, no coração do Douro Superior, foi adquirida por Odete Dias, avó de Rafaela Pinto em 1994, e além do vinho produz queijo, azeite e compotas, dedicando-se também ao enoturismo.
"Vamos fazendo investimentos com os pés bem assentes na terra e à medida do que vão sendo as conquistas da família", que chegou a Angola, em 2008, onde constituiu a empresa angolana MSTR, que atua na área da construção civil, focando-se na província do Bié.
"Passados quase 14 anos, quisemos trazer um bocadinho do que é a família Seixas Pinto - porque a Quinta da Terrincha é uma parte muito importante da nossa vida - para Angola", disse à Lusa a responsável do projeto.
O primeiro passo foi já dado com a abertura de uma loja em nome próprio num centro comercial de Luanda, onde a empresa disponibiliza os seus vinhos, queijos feitos a partir do leite de ovelha churra, azeites biológicos e compotas produzidas com fruta local, bem como artigos de outras marcas portuguesas, entre as quais vinho do Porto, aromas e enchidos, direcionados para uma gama média alta.
Apesar da crise económica que Angola atravessa, que transparece até no fraco movimento do centro comercial, ainda com poucas lojas abertas, Rafaela Pinto acredita neste mercado.
"Acredito que é possível vencer em Angola e acredito profundamente que estamos num país de oportunidades. Já há muito vinho em Angola, mas penso que faltava alguma diferenciação na forma como é comercializado e como chega ao cliente, mostrando-lhe que, por detrás de uma garrafa de vinho está todo um processo de amor", comentou.
A empresa investiu 500 milhões de kwanzas (667 mil euros) para começar a exportar e comercializar o vinho em loja, mas está já a promover contactos exploratórios para chegar aos setores da restauração e distribuição, bem como estar presente noutras províncias.
Só em vinho, a Quinta da Terrincha, que já exporta para a China, investiu cerca de 100 milhões de kwanzas (134 mil euros), adiantou Rafaela Pinto, sublinhando que "é uma prioridade não haver ruturas".
No final do ano, a faturação deverá ser pelo menos o dobro do investimento, prevê a responsável da Quinta da Terrincha.
"Neste momento, estamos a analisar qual será a efetiva procura que vamos ter no mercado", afirmou, encarando a época de Natal com expectativa.
"A loja vai funcionar como uma montra do nosso produto, mas o objetivo é chegar, no futuro, a cadeias de distribuição e hotéis e restaurantes de referência", continuou a empresária.
Rafaela Pinto salientou que a recetividade à loja tem sido positiva, duas semanas depois da inauguração, recebendo sobretudo clientes angolanos "que associam os produtos portugueses a qualidade".
Na loja estão disponíveis vinhos que custam de 10.000 kwanzas (13 euros) até 183.000 kwanzas (244 euros).
Quanto à MSTR, e depois de uma quebra de 100% na faturação no ano passado devido à covid-19 , está agora em fase de recrutamento e com várias obras a decorrer no Cuíto (Bié), pelo que "as expectativas são muito positivas" para 2021 face ao aumento da procura.