"Para que este plano tenha sucesso, nós não podemos ter os municípios entregues a quem todos os dias aparece na televisão a combater o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), temos que ter os municípios entregues a quem quer arregaçar as mangas e pôr rapidamente no terreno, e em execução, o PRR", afirmou António Costa.
O secretário-geral do PS falava em Braga, num comício com o candidato do PS à Câmara Municipal, Hugo Pires, e reagia às críticas que tem recebido da oposição -- nomeadamente do PSD -- que o acusam de estar a misturar o papel de secretário-geral do PS e de primeiro-ministro durante a campanha autárquica, ao estar a prometer os milhões do PRR aos municípios.
Afirmando que o PRR "não é um plano para as calendas gregas", mas antes um plano com um "prazo de execução muitíssimo limitado", António Costa voltou a responder à oposição ao dizer que é "extraordinário que aqueles que há pouco tempo" diziam que o Governo não ia ser capaz de executar o PRR "a tempo e horas", agora se queixem por o executivo "ter pressa".
"Sim, nós temos pressa. Temos pressa não por causa do PS, temos pressa por Portugal, temos pressa pelas portuguesas, temos pressa pelos portugueses, que anseiam de uma vez por todas voltar a virar a página desta crise e voltar a reconstruir um futuro de esperança, de confiança e de prosperidade, com justiça para todos nós", indicou.
O secretário-geral do PS pediu aos seus auditores que "tenham memória" e se lembrem que "há seis anos" -- quando António Costa assumiu, pela primeira vez, a função de primeiro-ministro --, a oposição, na altura chefiada por Pedro Passos Coelho, tinha anunciado que "vinha aí o diabo".
"E nós resistimos e esconjurámos os presságios e não deixámos que o diabo viesse e, pelo contrário, levámos o país a voltar a convergir com a União Europeia (UE) e a ter o primeiro excedente orçamental", apontou.
António Costa acrescentou ainda que, quando Portugal foi atingido pela pandemia da covid-19, a oposição voltou a anunciar a vinda do "diabo", mas o Governo não deixou os braços cair, não desistiu, tendo, pelo contrário, dado "alento às pessoas", "carinho a quem precisava", e dito "juntos vamos conseguir virar a página desta crise".
"E agora, mais uma vez, quando dizem que não vamos conseguir, o que nós temos que dizer é que conseguimos à primeira, conseguimos à segunda, vamos conseguir à terceira e vamos conseguir porque nós estamos no caminho certo, não vamos deixar este caminho, não vamos deixar que interrompam a nossa caminhada, não vamos deixar que nos façam voltar para trás. E pelo contrário, vamos seguir em frente pelo caminho certo para garantir o futuro", afirmou.
Demarcando-se novamente da direita, António Costa defendeu que os meses de "grave crise pandémica" mostraram que é "fundamental" que exista um "Estado social forte" e um Serviço Nacional de Saúde (SNS) também ele "forte".
"Ora, para termos um SNS forte, nós temos que ter autarcas que defendam o SNS e não autarcas de partidos que combatem o SNS", frisou.
No mesmo sentido, o secretário-geral do PS salientou também o "esforço extraordinário que os professores fizeram" quando foi necessário "interromper o ensino presencial" e referiu que a "falta de escola pública prejudicou e agravou muito as desigualdades entre as crianças" e a sua aprendizagem.
António Costa destacou assim que é preciso "ter à frente das Câmaras quem acredite" e "queira defender a escola pública" e que, nos próximos dois anos, queira apoiar "um programa de recuperação de aprendizagens que não deixe ninguém para trás".
"Por isso, não é, de facto, a mesma coisa ter uma Câmara liderada pela esquerda ou uma câmara liderada pela direita. Ter uma Câmara que acredita no SNS, que acredita na escola pública, que acredita nos cuidados para todos: essa é a Câmara liderada pelo PS, essa será a Câmara liderada pelo Hugo Pires", apontou António Costa.
Com o comício em Braga, António Costa terminou o seu périplo que o levou, durante o dia, a concelhos do distrito de Braga: de manhã, fez uma arruada em Póvoa de Lanhoso, e participou num comício em Celorico de Basto. À tarde, esteve em Vizela, Vila Nova de Famalicão e Barcelos.
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