Detentores de títulos da Evergrande sem saber se empresa pagou juros

Os detentores de títulos em dólares norte-americanos da Evergrande continuam hoje sem saber se a empresa pagou os juros referentes ao cupão de quinta-feira, num importante teste à capacidade do grupo imobiliário.

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Lusa
24/09/2021 09:49 ‧ 24/09/2021 por Lusa

Economia

Evergrande

 

A Evergrande teria de pagar 83,5 milhões de dólares em juros, em 23 de setembro, sobre obrigações no valor de 2,03 mil milhões de dólares.

O jornal norte-americano The Wall Street Journal avançou que, até ao final da tarde de quinta-feira em Nova Iorque, os detentores dos títulos não tinham recebido o dinheiro.

A empresa tem um período de carência de 30 dias antes de os detentores dos títulos poderem declarar inadimplência. A confirmar-se este cenário, seria o maior incumprimento de sempre de um título em dólares feito por uma empresa na Ásia.

O prazo de pagamento de quinta-feira tornou-se um ponto focal para os investidores globais, depois de a liquidez da Evergrande se agravar dramaticamente durante o verão, levando à suspensão de projetos de construção e a uma queda acentuada das vendas.

Esta semana, a empresa negociou em particular com os detentores de títulos emitidos na China, para liquidar o pagamento de um cupão separado sobre obrigações denominadas na moeda chinesa, o yuan.

A empresa não esclareceu se o pagamento, equivalente a cerca de 35,9 milhões de dólares, foi feito em dinheiro ou outros ativos.

As ações da Evergrande na Bolsa de Valores de Hong Kong caíram já mais de 82% este ano.

Segundo o WSJ, as autoridades chinesas pediram aos governos locais para se prepararem para as potenciais repercussões económicas e sociais que podem resultar da queda do grupo imobiliário.

A Evergrande, com sede em Shenzhen, no sul da China, é a construtora mais endividada do mundo.

A dívida ascende ao equivalente a 260 mil milhões de euros -- superior ao Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal.

A maioria dos títulos de dívida foram emitidos na China, pelo que as obrigações em dólares ascendem a 19 mil milhões. Os preços de alguns desses títulos caíram para cerca de 25 cêntimos por dólar, refletindo o extremo pessimismo dos investidores sobre a capacidade da Evergrande de pagar as suas dívidas.

"Este é um incumprimento controlado e gerido, que não apanhou as autoridades ou investidores de surpresa", indicou num relatório Thu Ha Chow, estrategista de crédito e gestor de portfólio da Loomis Sayles, que oferece produtos financeiros, em Singapura.

"Não é um 'momento Lehman', mas o mercado estará atento a quaisquer consequências indesejadas que possam resultar", notou.

Há treze anos, a entrada em incumprimento da firma norte-americana Lehman Brothers enviou ondas de choque através dos mercados globais de ações e títulos, marcando o início da crise financeira internacional.

Leia Também: Exposição da zona euro a possivel falência da Evergrande será limitada

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