A Evergrande teria de pagar 83,5 milhões de dólares em juros, em 23 de setembro, sobre obrigações no valor de 2,03 mil milhões de dólares.
O jornal norte-americano The Wall Street Journal avançou que, até ao final da tarde de quinta-feira em Nova Iorque, os detentores dos títulos não tinham recebido o dinheiro.
A empresa tem um período de carência de 30 dias antes de os detentores dos títulos poderem declarar inadimplência. A confirmar-se este cenário, seria o maior incumprimento de sempre de um título em dólares feito por uma empresa na Ásia.
O prazo de pagamento de quinta-feira tornou-se um ponto focal para os investidores globais, depois de a liquidez da Evergrande se agravar dramaticamente durante o verão, levando à suspensão de projetos de construção e a uma queda acentuada das vendas.
Esta semana, a empresa negociou em particular com os detentores de títulos emitidos na China, para liquidar o pagamento de um cupão separado sobre obrigações denominadas na moeda chinesa, o yuan.
A empresa não esclareceu se o pagamento, equivalente a cerca de 35,9 milhões de dólares, foi feito em dinheiro ou outros ativos.
As ações da Evergrande na Bolsa de Valores de Hong Kong caíram já mais de 82% este ano.
Segundo o WSJ, as autoridades chinesas pediram aos governos locais para se prepararem para as potenciais repercussões económicas e sociais que podem resultar da queda do grupo imobiliário.
A Evergrande, com sede em Shenzhen, no sul da China, é a construtora mais endividada do mundo.
A dívida ascende ao equivalente a 260 mil milhões de euros -- superior ao Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal.
A maioria dos títulos de dívida foram emitidos na China, pelo que as obrigações em dólares ascendem a 19 mil milhões. Os preços de alguns desses títulos caíram para cerca de 25 cêntimos por dólar, refletindo o extremo pessimismo dos investidores sobre a capacidade da Evergrande de pagar as suas dívidas.
"Este é um incumprimento controlado e gerido, que não apanhou as autoridades ou investidores de surpresa", indicou num relatório Thu Ha Chow, estrategista de crédito e gestor de portfólio da Loomis Sayles, que oferece produtos financeiros, em Singapura.
"Não é um 'momento Lehman', mas o mercado estará atento a quaisquer consequências indesejadas que possam resultar", notou.
Há treze anos, a entrada em incumprimento da firma norte-americana Lehman Brothers enviou ondas de choque através dos mercados globais de ações e títulos, marcando o início da crise financeira internacional.
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