Não utilizar parque automóvel para mobilidade 'verde' é "contrassenso"
A presidente executiva da OZ Energia defendeu que não utilizar os automóveis que existem atualmente na transição para uma mobilidade 'verde' "é um contrassenso", razão pela qual a empresa está a desenvolver um sistema para adaptar motores poluentes ao hidrogénio.
© Lusa
Economia OZ Energia
"Se não usarmos os carros que temos atualmente é um contrassenso aquilo que estamos a fazer, porque estamos a poupar energia, ou estamos a promover a utilização de energias verdes, mas depois estamos a pedir às populações que renovem toda a sua frota automóvel e a pegada ecológica da produção de automobilística também é muito grande", defendeu Micaela Silva, em entrevista à agência Lusa.
Para a responsável, o caminho para uma mobilidade sustentável não se faz apenas descartando "produtos que estão dentro da sua vida útil" só para se ter "o selo de 'verde'".
"As famílias não trocam de carros de quatro em quatro anos. Quando é que nós conseguiríamos ter um parque automóvel mais sustentável? [...] Temos é que aprender a transformá-las e entrar num ciclo da economia circular, que nos permite dar uma maior longevidade aos produtos que utilizamos", apontou a CEO da empresa do Grupo Manuel Champalimaud, que atua no mercado de energia há cerca de 50 anos com a marca ESSO e, desde 2009, com o nome Oz Energia.
Neste sentido, a empresa iniciou há três anos o desenvolvimento de um sistema que permite transformar um carro a gasolina num carro 'bifuel', que utilize maioritariamente hidrogénio.
"Queremos ver fontes de abastecimento de hidrogénio ao longo do país e este foi o primeiro tema do desenvolvimento do hidrogénio. Depois, percebemos que, para que pudesse haver efetivamente uma transição para uma mobilidade 'verde' teríamos que, ou esperar que a frota automóvel se renovasse, ou então criar um sistema que permitisse transformar os atuais motores a gasóleo e gasolina em motores que consumissem hidrogénio", explicou Micaela Silva.
O projeto está ainda em fase de testes do eletrolisador (equipamento que utiliza água para produzir hidrogénio) desenvolvido pela equipa de investigadores subcontratados pela OZ Energia.
"O sistema já existe e já temos um carro que anda a hidrogénio que foi adaptado. O que nós queremos, obviamente, é ter o sistema e depois levar esse conhecimento para o território, apoiando muito os nossos parceiros locais para que possam, de alguma forma, diversificar toda a sua atividade", apontou a responsável.
Micaela Silva lembrou que o consumo de gás tem vindo a decrescer, estimando-se que essa diminuição se acentue nos próximos tempos, por força da maior utilização de energias renováveis, daí a importância de capacitar as pequenas e microempresas do setor com novos produtos.
A aposta no hidrogénio 'verde' é uma das estratégias da empresa, que tem como ambição aumentar em três pontos percentuais a sua quota de mercado até 2024, que atualmente é de 12%.
Para tal, a empresa está a apostar na retenção dos clientes através da proximidade dos seus cerca de 160 parceiros com o cliente final e dos processos de digitalização que está a incutir em toda a rede, explicou.
O Grupo OZ Energia tem empresas que atuam nos diversos segmentos do setor da energia como o do GPL (gás de petróleo liquefeito), combustíveis rodoviários e para aviação e energias renováveis.
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