"Os preços do gás, hoje, dizem-nos que a procura continua a ser grande e certamente irá crescer nos próximos anos. Seguramente que Moçambique, um dos países com maiores recursos [de gás] no mundo e em África, terá um papel importante em colmatar esta lacuna que existe entre a procura e a oferta", bem como "na transição energética" rumo à "descarbonização", referiu Giorgio Vicini, da petrolífera italiana.
Vicini falava hoje nos estaleiros da divisão industrial da Samsung em Geoje, Coreia do Sul, à margem do lançamento ao mar, rumo a Moçambique, da plataforma flutuante Coral Sul, a primeira a explorar as reservas da bacia do Rovuma, ao largo da costa de Cabo Delgado.
A petrolífera italiana Eni lidera o projeto do consórcio da Área 4 de Moçambique, país que diz estar "absolutamente" nos seus planos.
"Moçambique é para nós um país importante e a demonstração disso é o projeto que estamos a celebrar hoje" e cuja produção vai arrancar no segundo semestre de 2022.
Vicini escusou-se a responder a questões sobre a segurança do projeto Coral Sul, mas numa nota escrita à Lusa, a Eni referiu que "até o momento, a situação de segurança" em Cabo Delgado "não tem tido impacto material no projeto Coral Sul", que vai funcionar em alto mar.
Em causa, está a insurgência armada em terra, a 50 quilómetros da plataforma, que em março já levou à suspensão do projeto de gás da Área 1, em Palma.
"Estamos a acompanhar de perto a situação em conjunto com outros operadores e cooperamos com o Governo de Moçambique para garantir a segurança do pessoal e das infraestruturas", referiu a Eni, sem mais detalhes.
Uma ação militar das Forças Armadas e de Defesa de Moçambique (FADM) com apoio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e Ruanda tem permitido desde julho aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes.
A cerimónia de hoje na Coreia do Sul contou com a presença do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e do chefe de Estado coreanos, Moon Jae-in.
O Presidente moçambicano Filipe Nyusi disse hoje que "novos horizontes de desenvolvimento começam a cintilar" com o arranque da exploração de gás da bacia do Rovuma, ao largo de Cabo Delgado, confiante na pacificação da província.
A Área 4 é operada pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma 'joint venture' em co-propriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC (China), que detém 70% de interesse participativo no contrato de concessão.
A Galp, KOGAS (Coreia do Sul) e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (Moçambique) detém cada uma participações de 10%.
*** A Lusa viajou à Coreia do Sul a convite do governo de Moçambique e do consórcio da Área 4 de exploração de gás. ***