Em comunicado, enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, o grupo informou que vendeu à Allied Resources Investment Holdings a posição de 18% na Hengten, com um desconto de 24,3%, face ao valor com que as ações encerraram no dia anterior.
A Evergrande garantiu que os recursos captados com a operação "podem ajudar a amenizar os problemas de liquidez" que atravessa. A empresa soma um passivo equivalente a 260 mil milhões de euros, incluindo cerca de 30 mil milhões em dívidas que têm que ser pagas antes do final do primeiro semestre de 2022.
Apesar da injeção de capital, 20% do total, nos próximos cinco dias, e o restante, nos próximos dois meses, a operação representou um prejuízo de 964 milhões de euros, quando considerado o valor contabilístico que as ações transferidas possuíam no final de junho.
As ações da Evergrande caíram 2,5%, enquanto as ações da Hengten, que é considerada a equivalente na China à Netflix, subiram 24,26%.
Segundo o The Wall Street Journal, o Governo chinês "quer administrar uma implosão controlada" da empresa, através da venda de alguns ativos da construtora a firmas chinesas, ao mesmo tempo que limita os danos para os compradores de residências e fornecedores.
Até à data, o conglomerado não teve grande sucesso nos planos de venda de ativos. A empresa conseguiu apenas transferir a posição de 20% no banco regional Shengjing Bank para um grupo estatal, pelo equivalente a cerca de 1,3 mil milhões de euros.
Outras negociações acabaram por fracassar, como a rescisão da venda de 50,1% da subsidiária de administração de imóveis, a Evergrande Property Services, à Hopson Development.
Nas últimas semanas, a Evergrande esteve, por várias vezes, perto de entrar em incumprimento, mas conseguiu sempre cumprir as obrigações em cima do prazo.
Determinados a limitar a especulação no setor imobiliário, os reguladores restringiram o acesso do crédito às empresas, visando reduzir os níveis de alavancagem.
O imobiliário é o veículo de investimento favorito das famílias chinesas, compondo cerca de 30% do produto interno bruto (PIB) chinês.
Embora alguns cidadãos chineses tenham investido as poupanças em novas casas, muitos outros também compraram apartamentos como investimento nos últimos anos, sem qualquer intenção de residir ou alugar os imóveis.