António Ascenção Costa, professor do ISEG, estima que o crescimento da economia na totalidade do ano passado se fixe abaixo de 4,8%, o valor inscrito na proposta de Orçamento para 2022.
"A avaliar pelo muito bom desempenho dos principais indicadores quantitativos em outubro e novembro, o crescimento de 4,8% no ano talvez tivesse sido possível se dezembro não tivesse sido afetado pela nova vaga da pandemia e das restrições (ainda que mais ligeiras) impostas sobre a atividade de alguns setores de serviços que se admite que tenham levado a uma desaceleração do crescimento dos meses anteriores", justifica o economista à Lusa, recordando que a desaceleração resulta também da imposição de algumas restrições na Europa, com impacto para a diminuição da procura externa de serviços turísticos em Portugal.
Já o economista-chefe do Banco Montepio, Rui Bernardes Serra, estima uma expansão de 4,6%, enquanto a equipa de 'research' do BPI aponta para um crescimento de 4,3%.
Por outro lado, Pedro Brinca, professor da Nova SBE, sublinha que "todas as previsões parecem convergir" para a meta de 4,8%, uma estimativa também esperada pelo Banco de Portugal e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
"Estas previsões estão baseadas em expectativas que o crescimento da procura interna, nomeadamente do investimento, mais do que compense um comportamento menos dinâmico do consumo público e privado e um efeito marginalmente negativo da procura externa", explica o professor universitário à Lusa.
O ministro das Finanças, João Leão, assegurou em 17 de janeiro, que as medidas de apoio à economia e saúde adotados em dezembro devido ao agravamento da covid-19 no país "não alteram a previsão" de crescimento económico de 4,8% em 2021.
"Portugal conseguiu resistir bastante bem a esta fase da pandemia e não tivemos de impor medidas com grande impacto na economia e, portanto, espera-se que o valor de 4,8% [de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)] previsto pelo Governo seja alcançado", declarou.
No entanto, na terça-feira, durante uma arruada em Coimbra, o primeiro-ministro, António Costa, já apontou para uma estimativa de crescimento de 4,6%.
Entre as principais instituições nacionais e internacionais, a menos otimista é o Fundo Monetário Internacional, que projeta um crescimento de 4,4%, enquanto a Comissão Europeia prevê uma subida de 4,5% e o Conselho das Finanças Públicas de 4,7%.
O PIB em termos reais, registou uma variação homóloga de 4,2% no terceiro trimestre de 2021, enquanto no trimestre anterior, a variação homóloga do PIB tinha sido 16,1%. Em 2020, o PIB caiu 8,4%.
Leia Também: Economistas apontam para crescimento do PIB abaixo de 4,8% em 2021