Trabalhadores da Sousacamp reivindicam melhores salários e direitos
Os trabalhadores da Sousacamp apresentaram à administração da maior produtora portuguesa de cogumelos um caderno reivindicativo a pedir melhorias nos salários e direitos, revelou hoje o sindicato que os representa.
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Economia Sousacamp
A empresa, com sede em Benlhevai, concelho de Vila Flor, no distrito de Bragança, tem três unidades de produção em Trás-os-Montes e passou por um processo de insolvência e mudança de administração.
O Sindicato dos Trabalhadores da agricultura e das indústrias de alimentação, bebidas e tabacos de Portugal (SINTAB) fez saber hoje que apresentou, em nome dos 340 trabalhadores, um caderno reivindicativo para o ano 2022 à nova administração, com um pedido de contraproposta e de uma reunião a 14 de fevereiro.
Segundo o sindicato, "recentemente, a administração fez saber que a empresa se encontra em processo acelerado de recuperação, com as vendas "a crescerem 28% em apenas um ano", mantendo "uma quota de mercado de cerca de 85%".
Os trabalhadores reclamam a melhoria das condições laborais no caderno reivindicativo que foi debatido e acertado em plenários realizados com o SINTAB durante o mês de janeiro e que foi agora entregue à antiga Varandas de Sousa, conhecida por Sousacamp, agora detida pelo consórcio "Core Capital/Sugal".
Além da necessidade de melhoria dos salários, majorada em função do conhecimento e da senioridade, os trabalhadores reivindicam um subsídio de alimentação de sete euros, em contraponto com o atual de 2,5 euros.
Para o sindicato, o valor pago atualmente "não cumpre o seu propósito, o de permitir adquirir uma refeição digna em qualquer uma das áreas de implementação das fábricas do grupo", nomeadamente em Benlhevai, Vila Real e Paredes (Porto).
Os trabalhadores reivindicam ainda "o aumento do tempo com a família, propondo a diminuição da carga semanal de trabalho para 35 horas e o aumento das férias para 25 dias sem restrições".
Outras das reivindicações é a de que se iniciem conversações no sentido de um acordo para implementação de um Instrumento de Regulação Coletiva de Trabalho (IRCT) próprio, tendo em conta que a atividade da empresa "não se enquadra, na prática, no conceito tradicional de atividade agrícola".
O SINTAB recorda, em comunicado, que a Varandas de Sousa é líder nacional na produção e venda de cogumelos frescos, que passou por um processo de insolvência do grupo Sousacamp, que envolveu o perdão de cerca de 60 milhões de dívidas, nomeadamente à banca.
O sindicato lembra ainda que, neste processo, a empresa foi adquirida pela "Core Capital", um fundo de investimentos que, em parceria com a SUGAL (player destacado no setor da hortofruticultura), tem executado um plano de recuperação que passa, sobretudo, pelo regresso à produção própria de composto, a base da produção de cogumelos.
"Nos plenários patrocinados pelo SINTAB, os trabalhadores, na sua quase totalidade mulheres, têm demonstrado altos índices de predisposição para a reivindicação de melhorias de rendimentos e direitos, especialmente porque foram a base fundamental da recuperação agora publicitada e não viram, ainda, quaisquer sinais de ressarcimento pela abnegação e espírito de sacrifício que demonstraram e que tão bons resultados deram", considera o SINTAB.
Nos últimos tempos, o SINTAB tem denunciado também "o abuso do recurso à mão de obra estrangeira, muito assente em trabalhadores sem vínculo, muitas vezes provenientes da imigração ilegal".
A Lusa tentou obter uma reação da empresa, sem sucesso.
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