"Todos estes desbloqueios de medidas são um sinal importantíssimo no sentido de reconquistar a confiança de todos os agentes económicos, desde o pequeno lojista ao grande investidor, que deve ser agora a prioridade", afirmou o presidente executivo da APCC, Rodrigo Moita de Deus, em declarações à agência Lusa.
De acordo com o dirigente associativo, o setor já tinha "conseguido operacionalizar" a atividade com as restrições que têm vigorado, quer ao nível da lotação dos espaços comerciais, quer da exigência de certificado digital para acesso a restaurantes.
"Aliás -- frisou - os centros comerciais adaptaram-se sempre muito rapidamente [às restrições que foram sendo impostas] e nunca deixaram de ter medidas ao longo destes dois anos, ao contrário de outros setores, onde foram introduzidas e retiradas medidas", disse.
Assim, considerou, a limitação de um cliente por cada cinco metros quadrados que tem vigorado nos espaços comerciais permitia já aos lojistas "operar com normalidade".
"O Governo acertou no número de ouro, o rácio era perfeito", disse Rodrigo Moita de Deus, explicando que "foi possível não ter ajuntamentos dentro das lojas e, ao mesmo tempo, impedir ajuntamentos fora das lojas".
Já relativamente ao fim da necessidade de certificado digital, o presidente da APCC considera que "era importante para a restauração", mas sobretudo "ao nível operacional e logístico", afirmando-se convicto que, neste momento, já não tinha "impacto no negócio".
"Era mais a questão da logística do que propriamente outra coisa", sustentou.
Neste contexto, mais do que impacto direto do fim destas restrições ao nível do negócio, Rodrigo Moita de Deus destaca a importância que tem para a confiança dos agentes económicos.
"Parece-me que a prioridade tem de ser, agora, convencer os pequenos lojistas e os grandes investidores a voltar a investir e a voltar a desenvolver negócio. O importante é a confiança dos agentes económicos e voltar a existir desenvolvimento e investimento", enfatizou.
A ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, anunciou hoje, no final do Conselho de Ministros que decidiu as medidas para a nova fase da pandemia de covid-19, que os espaços comerciais vão deixar de ter limitações no número de clientes no interior e que o certificado digital vai deixar de ser exigido no acesso a restaurantes e estabelecimentos hoteleiros, mantendo-se apenas obrigatório no controlo de fronteiras.
A data de entrada em vigor desta e de outras medidas aprovadas hoje não foi ainda divulgada, dependendo da promulgação do respetivo decreto-lei pelo Presidente da República, sendo que o mesmo "seguirá ainda hoje" para o Palácio de Belém.
Porém, como sublinhou a ministra, a prática ao longo destes quase dois anos de pandemia é de "promulgação rápida", pelo que será de contar "que as medidas entrem em vigor nos próximos dias".
O Conselho de Ministros aprovou também hoje uma resolução que declara a situação de alerta em todo o território nacional continental até às 23:59 de 07 de março de 2022 -- deixando de vigorar a situação de calamidade.
A covid-19 provocou pelo menos 5.836.026 mortos em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 20.666 pessoas e foram contabilizados 3.131.899 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.
Leia Também: Covid-19: Empresários moçambicanos aplaudem alívio de restrições