Eliminação dos subsídios aos combustíveis em Angola seria imprudente

O economista-chefe do Standard Bank defendeu hoje que a eliminação imediata dos subsídios aos combustíveis seria "imprudente", pelo que Angola deve continuar este ano a usar excedentes fiscais para suportar a despesa.

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Lusa
18/02/2022 16:19 ‧ 18/02/2022 por Lusa

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"Seria imprudente, na minha opinião, Angola eliminar rapidamente os subsídios aos combustíveis considerando a inflação elevada, o nível elevado do desemprego e as dificuldades que as empresas angolanas já enfrentam no seu dia-a-dia para operar", defendeu Fausio Mussá, economista chefe da instituição financeira, durante uma apresentação online do 1.º Briefing Económico do Standard Bank e respondia às dúvidas colocadas por um internauta.

"Penso que o governo angolano tem sido muito prudente do ponto de vista do impacto das reformas sobre o orçamento do cidadão, tem comunicado que pretende fazer uma transição gradual", acrescentou, lembrando que num primeiro momento o governo tem feito transferências monetárias para as famílias mais vulneráveis e "provavelmente, só depois de a inflação estabilizar é que iremos assistir a uma reforma do preço dos combustíveis".

Este ano, "espera-se que Angola continue a utilizar algum excedente fiscal para continuar a suportar esta despesa", complementou.

Angola tem dos preços mais baixos entre os países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) devido à subsidiação dos combustíveis, com os quais despende mais de mil milhões de dólares anuais (882 milhões de euros).

A retirada dos subsídios era uma das exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI) que, no entanto, acabou por não ser concretizada durante o programa de assistência financeira cuja sexta e ultima avaliação foi concluída em dezembro.

Fausio Mussá realçou que o programa do FMI foi bem sucedido e ajudou a dar credibilidade às reformas do governo angolano, melhorando a comunicação com os investidores estrangeiros, e acredita que o executivo vai continuar a avançar com reformas.

"Do ponto de vista técnico, acredito que o FMI vai continuar a apoiar Angola mesmo sem ter um programa, pode ser que se observe um novo programa após este ano, que seria de intervalo, porque Angola reúne todas as condições, embora provavelmente não precise tanto de apoio financeiro como nos últimos três anos, sobretudo por causa do preço do petróleo e, se calhar, o governo quer ter alguma flexibilidade na condução de políticas", admitiu o economista.

Em ano de eleições, o responsável do Standard Bank acredita que Angola vai manter a estabilidade política: "Tem estado a fazer reformas para melhorar a democracia e acreditamos que isso é um incentivo grande para ajudar a apoiar investimentos. Felizmente Angola tem estado a conseguir manter a paz e acreditamos que essa situação se vai manter".

Além disso, mesmo em período eleitoral, Fausio Mussá, considera que Angola vai manter as linhas gerais das reformas, sobretudo no que toca ao combate à corrupção, facilitação do ambiente de negócios e melhoria da gestão fiscal.

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