"Por enquanto existe apenas uma subida com algum impacto, por exemplo no trigo, que passou dos 740 [dólares] para os 850 [dólares] em fevereiro. Contudo, se existir um conflito militar é provável que a subida se transforme no aumento extraordinário e talvez inédito, que causará muitas dores de cabeça a transformadores, mas principalmente aos consumidores", antecipa Mário Martins, membro do conselho de administração da corretora ActivTrades CCTVM.
Henrique Tomé, analista da corretora XTB, destaca que "tanto a Rússia como a Ucrânia têm um papel importante no que diz respeito à exportação de cereais à escala mundial", com "ambos os países a representarem cerca de 30% da exportação".
"No caso de existir efetivamente um conflito armado, os preços de determinadas matérias-primas, além do petróleo e gás natural, poderão subir substancialmente. Como por exemplo, o preço do trigo, que por sua vez terá um impacto sobre os bens alimentares pagos pelos consumidores", refere.
O analista estima que o trigo "é dos cereais que poderá registar a maior subida dos preços", salientando que "os preços já subiram cerca de 9% este ano".
Além do trigo, Mário Martins alerta que também o milho deverá registar uma subida de preços, uma vez que a Ucrânia é "o sexto maior" produtor mundial, "sendo responsável por 16% das exportações globais de grãos".
Para o analista a oscilação de preços dos cereais "dependerá do resultado do impasse", considerando que "no pior cenário" será "substancialmente maior, desde logo porque alia a questão do aumento de custos energéticos, dado que o preço do petróleo irá disparar também".
O Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu na segunda-feira as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, no Donbass, e ordenou a mobilização do exército russo para "manutenção da paz" nestes territórios, o que levou a União Europeia e os Estados Unidos a anunciarem sanções à Rússia.
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