DBRS deverá manter avaliação à dívida portuguesa inalterada

A DBRS deverá manter inalterada esta sexta-feira a avaliação à dívida soberana portuguesa, numa altura em que a incerteza geopolítica internacional pode levar a maior cautela, de acordo com os analistas consultados pela Lusa.

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Lusa
24/02/2022 14:11 ‧ 24/02/2022 por Lusa

Economia

Analistas

 

A DBRS, que avalia atualmente a dívida portuguesa em 'BBB (high)', com perspetiva 'estável', tem previsto para esta sexta-feira uma avaliação ao 'rating' de Portugal, sendo a primeira agência de notação financeira a fazê-lo este ano.

"Penso que não vão mexer [no 'rating' de Portugal]. Esta situação na Ucrânia aconselha prudência das agências", disse Filipe Garcia, presidente da IMF-Informação de Mercados Financeiros.

O economista justifica que a política monetária "não será mais um obstáculo nesta fase e isso é construtivo para o rating de Portugal, ainda que as perspetivas de desaceleração sejam uma ameaça", acrescentando que "a estabilidade governativa é um 'plus' que contrabalança juros em alta em 2022, até agora".

Na mesma linha, Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, considera que "será prudente manter a atual classificação do rating em BBB, assim como o outlook".

"Apesar de estarmos em clara fase de recuperação económica, existiram e existem alguns fatores que podem atrasar o ritmo da mesma", refere.

O analista assinala, neste sentido, "os confinamentos no final do ano e início de 2022, a disrupção das cadeias de abastecimento que ainda não estão completamente estabelecidas", bem como a inflação mais persistente e que se pode agudizar com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, assim como "estarmos numa fase em que os bancos centrais começaram a retirar estímulos levando a um aumento dos prémios de riscos, que para países como Portugal acaba por ter um grande impacto".

"É também certo que ainda vão existir apoios à recuperação, nomeadamente através do Plano de Recuperação e Resiliência, pelo que teremos que aguardar pelos próximos dados económicos relativos ao desempenho da economia nacional, para percebermos se estamos a conseguir retomar os setores mais afetados como o turismo, restauração e hotelaria e ainda as empresas de cariz exportador", sublinha.

Na última avaliação, em 27 de agosto, a DBRS confirmou a avaliação de Portugal, explicando que a confirmação da perspetiva "estável" teve em conta o "choque abrupto" da covid-19 na saúde e na economia, bem como as melhorias verificadas nos principais indicadores de classificação nos anos anteriores à crise e alertou para algumas vulnerabilidades, como uma dívida pública elevada, baixo potencial de crescimento económico e o 'stress' no sistema financeiro.

Num comentário, que não constituiu uma avaliação de 'rating', publicado após as eleições legislativas deste ano, considerou que a maioria socialista em Portugal permitirá "estabilidade legislativa numa altura importante" em que o país estará a gerir os fundos europeus de recuperação pós-pandemia.

Adicionalmente, sustentou, no comentário divulgado em 01 de fevereiro, que o reforço dos dois principais partidos do centro - PS e PSD -- cujo peso conjunto passou de 64% em 2019 para 71%, "é um garante de que o país manterá uma abordagem pragmática na formulação das políticas macroeconómicas".

A agência de 'rating' assinalou que "uma das consequências das eleições antecipadas foi o atraso na execução de reformas e investimentos ligados ao Mecanismo de Recuperação e Resiliência da UE", mas destacou que "a maioria política que resultou das eleições poderá reduzir os obstáculos legislativos e recuperar o tempo perdido".

Salientando que "Portugal é um beneficiário significativo de fundos da UE", recordou que economia portuguesa deverá beneficiar de uma injeção total de cerca de 60.000 milhões de euros (30% do PIB [Produto Interno Bruto] de 2020) ao longo desta década, recordando que o financiamento da UE, especialmente o PRR, está em parte ligado a reformas destinadas a aumentar a resiliência e a impulsionar as transições verde e digital, pelo que a sua "eficaz execução" será "fundamental" para "impulsionar o crescimento e as perspetivas económicas de Portugal a médio prazo".

Segundo os calendários provisórios de atualização dos 'ratings' das quatro principais agências de notação financeira, a DBRS deverá voltar a pronunciar-se sobre Portugal em 26 de agosto.

A segunda agência a avaliar Portugal deverá ser a Standard & Poor's, no dia 11 de março, voltando a olhar para a dívida portuguesa no segundo semestre, em 09 de setembro. A agência norte-americana avalia atualmente o 'rating' de Portugal em 'BBB' com perspetiva 'estável'.

Já a Fitch, que fixou o 'rating' da República Portuguesa em 'BBB' com perspetiva 'estável', deverá pronunciar-se no dia 06 de maio e posteriormente no dia 28 de outubro.

A última agência a avaliar Portugal deverá ser a Moody's, que em 17 de setembro de 2021 subiu o 'rating' do país de 'Baa3' para 'Baa2' -- o penúltimo grau da categoria de investimento de qualidade --, com perspetiva 'estável'. A agência norte-americana tem previsto pronunciar-se no dia 20 de maio e no dia 18 de novembro.

Aquando da melhoria do 'rating' pela Moody's, o ministro das Finanças, João Leão, disse esperar que o caminho fosse seguido por outras agências.

"Contamos que este seja um primeiro sinal e que agora seja seguido por melhorias de 'rating' da República portuguesa nos próximos tempos", afirmou então à Lusa, considerando ser "um sinal muito positivo da credibilidade do país".

O 'rating' é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.

Os calendários das agências de 'rating' são, no entanto, meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.

Leia Também: "Reprivatização da Efacec é importante para a empresa e para a economia"

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