De acordo com o mais recente inquérito da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), "o ano 2022 começou pior que 2021 para as empresas da restauração, similares e do alojamento turístico": "Após dois anos de pandemia, com várias restrições à atividade, ao sobreendividamento das empresas juntam-se, agora, os aumentos de preços de energias, combustíveis e de matérias-primas", sustenta.
Face a esta "tempestade perfeita", a associação reclama que o Governo avance com um "plano de ação para garantir a viabilidade das empresas" do setor.
Falando de um "cenário ainda muito dramático" para a atividade, a AHRESP diz que as quebras na faturação "resultam, em muito, dos efeitos diretos do pico da quinta vaga da pandemia".
De acordo com o inquérito, 78% das empresas de restauração e similares e 37% das empresas de alojamento já tinham tido trabalhadores infetados e 51% e 19%, respetivamente, tiveram mesmo de encerrar por um período nunca inferior a sete dias por esse motivo.
"Em consequência deste ambiente -- salienta a AHRESP - o inquérito revelou, de novo, um aumento das intenções de insolvência, chegando mesmo a duplicar nas empresas de restauração": "Hoje, 31% das empresas de restauração e similares ponderam mesmo encerrar definitivamente. A situação é menos gravosa no alojamento, com 8% das empresas a referirem esta intenção", enfatiza.
A associação nota ainda que "uma das preocupações sentidas nos últimos tempos tem sido a notória dificuldade de contratação de profissionais para estes setores", com 90% das empresas de restauração que tiveram necessidade em contratar novos colaboradores a referirem "fortes dificuldades" em consegui-lo, sobretudo para as funções de profissional de cozinha e de mesa/balcão.
Estas dificuldades registaram-se também no alojamento, com o inquérito a evidenciar que 78% das empresas sentiram dificuldades na contratação, especialmente para as funções de limpeza, cozinha e receção.
"Muito relevante" ainda é, para a associação, o facto de 52% das empresas da restauração e 28% do alojamento referirem que tiveram de adiar investimentos por terem dificuldades em contratar recursos humanos.
Analisando com mais detalhe os resultados do inquérito, verifica-se que em janeiro deste ano 43% das empresas registaram quebras de faturação acima dos 40% face a janeiro de 2021 e para o mês de fevereiro, 26% das empresas estimam registar quebras de faturação acima dos 50%, face a fevereiro 2021.
Em fevereiro de 2022, face às estimativas de faturação, 41% das empresas referiram que não irão conseguir suportar os encargos habituais (pessoal, energia, fornecedores e outros) e 31% das empresas ponderam avançar para insolvência, caso não consigam suportar todos os encargos.
Para as empresas de restauração, as três medidas prioritárias para o relançamento da economia são a aplicação temporária da taxa reduzida de IVA nos serviços de alimentação e bebidas (85%), os apoios a fundo perdido para a tesouraria e redução do endividamento das empresas (66%) e a redução do IRC (43%).
No setor do alojamento turístico, 29% das empresas registaram em janeiro quebras de faturação acima dos 60% face a janeiro de 2021 e, em fevereiro, 26% das empresas estimam registar quebras de faturação acima dos 50% face a fevereiro 2021.
Em fevereiro de 2022, face às estimativas de faturação, 20% das empresas afirmam que não irão conseguir suportar os encargos habituais (pessoal, energia, fornecedores e outros) e 8% pondera avançar para insolvência.
Em janeiro, 32% das empresas não registaram qualquer taxa de ocupação e 21% indicaram uma ocupação até 10%, sendo que 24% das empresas indicaram que a taxa de ocupação de janeiro deste ano foi inferior em mais de 60% face a janeiro 2021.
Considerando as reservas já confirmadas para fevereiro, março e abril, os principais mercados emissores serão Portugal (referido por 60% das empresas), Espanha (43%), França (32%) e Alemanha (31%).
Questionadas sobre o que seriam as três medidas prioritárias para o relançamento da economia, as empresas de alojamento destacaram a redução do IRC (52%), apoios a fundo perdido para a tesouraria e redução do endividamento das empresas (50%) e mecanismos financeiros para novos investimentos e requalificação das empresas (42%).
Leia Também: Covid-19: Número de mortes ultrapassa os seis milhões em todo o mundo