"Apesar da grande incerteza quanto à evolução e duração da situação de conflito na Ucrânia e aos impactos económicos duradouros dessa situação, é altamente provável que alguma desaceleração no crescimento potencial da economia portuguesa se venha a registar na segunda metade do ano", refere a síntese de conjuntura, divulgada hoje.
De acordo com o grupo de análise económica da instituição universitária, a informação atual ainda não permite uma "revisão quantificada do crescimento da economia portuguesa", mas admitem que "com base na dinâmica interna recente, que continua a ser provável que o PIB de Portugal venha a conseguir ultrapassar o nível de 2019 em 2022".
Os economistas do ISEG não antecipam um impacto negativo da crise na Ucrânia no crescimento da economia portuguesa no primeiro trimestre, esperando uma aceleração em termos homólogos, explicado sobretudo pelo "efeito base decorrente do confinamento de há um ano e à retoma mais generalizada da atividade interna".
No entanto, antecipam que as consequências do conflito e o efeito das sanções económicas impostas à Rússia se façam sentir a partir do segundo trimestre.
Os economistas assinalam que, "apesar de as relações diretas da economia portuguesa com a economia russa ou ucraniana serem pouco significativas", o impacto indireto desta crise irá fazer sentir-se através dos "impactos negativos sobre economias com as quais Portugal se relaciona mais (por exemplo, Alemanha)", como também "e, talvez mais importante", apontam, "por via de um aumento adicional e duradouro dos preços da energia que se estenderá rapidamente aos restantes setores da atividade económica o que irá prolongar e alavancar a situação de inflação atualmente vivida e que poderá vir a limitar o crescimento da procura interna real e da procura externa no futuro".
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.
Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,7 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
Leia Também: Bombeiros exigem medidas urgentes para resistirem ao aumento dos preços