Lucro do Santander Totta quadruplica para 155,4 milhões no 1.º trimestre

O Santander Totta teve lucros de 155,4 milhões de euros no primeiro trimestre, quatro vezes mais do que os 34,2 milhões de euros do mesmo período de 2021, divulgou hoje o banco em comunicado.

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Lusa
26/04/2022 09:37 ‧ 26/04/2022 por Lusa

Economia

Santander Totta

O banco explica que, no primeiro trimestre do ano passado, tinham sido registados custos extraordinários de 164,5 milhões de euros (líquidos de impostos) com o plano de reestruturação (redução de trabalhadores, fecho de balcões e investimentos em tecnologia), o que teve impacto nos lucros de então.

Já no primeiro trimestre deste ano, o produto bancário foi de 331,7 milhões de euros, menos 21,2% do que em trimestre homólogo de 2021.

Segundo o Santander Totta, a queda do produto bancário deve-se à diminuição dos resultados em operações financeiras (menos 94% para 8,1 milhões de euros) por menos receitas em títulos de dívida.

A margem financeira (estrita) manteve-se praticamente estável (0,7%) nos 193,9 milhões de euros e as comissões líquidas subiram 23,3% para 119,1 milhões de euros.

Segundo o banco, o aumento das comissões deve-se ao "incremento" das transações dos clientes, assim como mais aplicações de clientes em fundos e seguros financeiros e na distribuição pelo banco de seguros autónomos de risco, como seguro automóvel.

Os custos operacionais caíram 15,6% para 121 milhões de euros, sendo que os custos com pessoal baixaram 11,7% para 44,5 milhões de euros (em 2021 o banco fez uma significativa redução de trabalhadores).

Analisando o balanço, o crédito subiu 1,2% em termos homólogos para 43,5 mil milhões de euros, com o crédito à habitação a avançar 6,5% para 22,3 mil milhões de euros e o crédito a consumo 6,1% para 1,7 mil milhões de euros. Já o crédito a empresas caiu 2% para 16,1 mil milhões de euros.

Já os depósitos cresceram 8,4% para 39,3 mil milhões de euros no final de março.

Citado em comunicado, o presidente executivo do Santander Totta, Pedro Castro e Almeida, considerou que, no primeiro trimestre, "o Santander continuou a registar uma performance positiva, dando seguimento ao trabalho desenvolvido em 2021, isto ainda num contexto de pandemia, ao qual veio a juntar-se a incerteza causada pela guerra na Ucrânia".

Já resposta a questões da Lusa, nomeadamente sobre se tem projeções nos seus resultados da revisão em baixa das perspetivas de crescimento económico, inflação agravada e eventual continuação da guerra na Ucrânia, fonte oficial disse que "não estão para já previstos fortes impactos" e que ainda não há impacto no incumprimento de crédito. O rácio de crédito problemático ('non-performing exposure' na expressão técnica em inglês) estabilizou em março em 2,3%, igual a final de 2021 e abaixo dos 2,6% de março de 2021.

"Apesar da situação na Ucrânia ter atrasado as previsões de recuperação económica, não estamos a assistir a incremento de incumprimento", reforçou o Santander Totta.

O Santander Totta tinha 4.721 trabalhadores em março deste ano, menos 1.233 do que em março do ano passado. Em 2021, o banco levou a cabo um processo de reestruturação em que reduziu 1.175 trabalhadores, o que motivou várias manifestações de bancários frente às suas instalações e processos em tribunal.

A maior parte dos trabalhadores saíram por acordo (rescisão por mútuo acordo ou reforma antecipada ou pré-reformas) e houve o despedimento coletivo de 49 funcionários.

Face a dezembro de 2021, reduziu 84 trabalhadores e quatro agências (o banco tinha 344 agências em março).

Sobre objetivos de redução de trabalhadores e agências este ano, o Santander respondeu à Lusa que, em 2022, prevê fazer mais de 100 contratações de funcionários ligados à inovação (ciência, tecnologia, engenharia, matemática) e que, no final do ano, deverá ter aumentado o número de funcionários.

Já os que saírem, referiu, terá que ver "com o final das carreiras, nomeadamente reformas", uma vez que "o processo de reestruturação ficou concluído em 2021".

Sobre as saídas de funcionários do primeiro trimestre, explicou que "muitas das saídas de colaboradores só se efetivaram este ano, mas ficaram decididas em 2021".

Segundo o Santander Totta, também a sua rede comercial está estabilizada e não prevê fecho de balcões.

Quanto às contestações em tribunal dos 49 trabalhadores despedidos, o banco disse que "já recebeu algumas notificações", mas que ainda decorre prazo para a impugnação.

Sobre as oito providências cautelares de suspensão de despedimento feitas por trabalhadores, houve três procedimentos cautelares com sentença a favor do banco, três procedimentos terminados por acordo extrajudicial, um procedimento cautelar pendente e um procedimento com sentença a favor da trabalhadora (segundo o banco, o processo ainda não está concluído, pois há recurso).

Ainda em resposta à Lusa, o banco disse que foi aprovada a proposta de pagamento de 480 milhões de euros em dividendos na assembleia-geral de fevereiro e que é "normal que proceda no futuro" a mais distribuição de resultados, uma vez que "não distribuiu dividendos durante três anos (2019, 2020 e 2021), pelo que tem um rácio de capital muito elevado e muito acima dos requisitos regulatórios".

Esta resposta é semelhante à já dada pelo Santander Totta em fevereiro, dado que não adianta mais valores de dividendos a serem pagos este ano.

O Santander Totta é detido pelo grupo espanhol Santander, que apresentou hoje um lucro consolidado de 2.543 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, mais 58% do que entre janeiro e março de 2021, quando foi registado um encargo de 530 milhões de custos de reestruturação.

Leia Também: Santander obteve um lucro de 2.543 milhões no primeiro trimestre

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