A Rússia já quase duplicou as receitas que arrecadou com a venda de combustíveis fósseis à União Europeia (UE) desde o início da guerra - ou seja, em cerca de dois meses -, avança o Guardian. O país está a beneficiar do aumento dos preços, mesmo que os volumes sejam mais reduzidos.
Os russos receberam cerca de 62 mil milhões de euros em exportações de petróleo, gás natural e carvão, de acordo com um estudo do Centro de Pesquisa de Energia e Air Limpo, citado pelo mesmo jornal.
Só para a UE importou cerca de 44 mil milhões de euros nos últimos dois meses, um número que compara com os 140 mil milhões no conjunto de 2021, ou seja, cerca de 12 mil milhões por mês.
Contas feitas, o valor mensal das exportações daquele país quase duplicou, sendo que neste momento está a um ritmo mensal de 22 mil milhões de euros.
Estes números mostram que a Rússia continua a beneficiar do domínio que tem no fornecimento de energia à Europa, numa altura em que os Estados-membros tentam reduzir esta dependência energética.
Na quarta-feira, recorde-se, a presidente do Parlamento Europeu (PE), Roberta Metsola, defendeu um "embargo total" pela UE ao petróleo, gás e carvão russo, devido à guerra na Ucrânia, considerando que o apoio europeu a Kyiv "ainda não é suficiente".
"Fomos a primeira instituição a começar a falar sobre um levantamento dos bancos russos [a sancionar] e depois, é claro, chegando ao ponto de dizer que precisamos de avançar com um embargo total ao petróleo, gás e carvão", vinca Roberta Metsola, em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas.
Em meados de abril, o Conselho da UE adotou o quinto pacote de sanções à Rússia pela sua contínua agressão militar contra a Ucrânia e "atrocidades" cometidas pelo exército russo, que incluiu a proibição de importação de carvão e novas limitações aos bancos russos.
A aprovação surgiu após a Comissão Europeia ter proposto uma proibição de importação pela UE de carvão russo, que vale à Rússia quatro mil milhões de euros por ano, e de ter admitido sanções adicionais a serem tomadas, incluindo sobre importações de petróleo.
A Rússia é responsável por cerca de 45% das importações de gás da UE, bem como por cerca de 25% das importações de petróleo e por 45% das importações de carvão europeias.
Em média, na UE, os combustíveis fósseis (como gás e petróleo) têm um peso de 35%, contra 39% das energias renováveis, mas isso não acontece em todos os Estados-membros, dadas as diferenças entre o cabaz energético de cada um dos 27 Estados-membros, com alguns mais dependentes do que outros.
Leia Também: Taxa de emprego na zona euro recupera em 2021 para nível pré-pandemia