Bosch diz que um hipotético embargo ao gás seria "perigoso" para Alemanha

O presidente do Conselho de Administração da Bosch considerou hoje que se houver um embargo ao petróleo russo, os políticos irão estabelecer fornecimentos alternativos, ao contrário de um hipotético embargo ao gás, que seria "perigoso" para a Alemanha.

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Lusa
04/05/2022 16:20 ‧ 04/05/2022 por Lusa

Economia

Rússia/Ucrânia

Stefan Hartung respondia a questões dos jornalistas, na conferência de imprensa de resultados anuais, que decorreu de forma híbrida a partir da Alemanha.

Questionado sobre o eventual embargo de petróleo da Rússia, na sequência da invasão da Ucrânia, nomeadamente o impacto para a Alemanha, o gestor referiu que se tal fosse no gás seria "perigoso" para Berlim.

"Agora, o principal desafio quando se trata do embargo do petróleo é, se for feito, que terá efeito sobre como os preços se desenvolvem", afirmou Stefan Hartung.

Isso, "por sua vez, terá implicações em muitas outras coisas", alertou o presidente do grupo Bosch.

No caso do gás, "isso seria realmente perigoso se houvesse um embargo para a Alemanha", sublinhou, acrescentando que muitos dos fornecedores da Bosch "não seriam mais capazes de entregar mercadorias", afetando também as matérias-primas.

Ou seja, um embargo ao fornecimento de gás iria atingir a Alemanha "com muita força", considerou.

Por isso, "garantir o fornecimento independente de gás é um grande, grande desafio, muito diferente do petróleo", prosseguiu Stefan Hartung.

No que diz respeito ao embargo de petróleo, "os políticos vão estabelecer uma oferta alternativa", disse.

"Assumimos que em termos de preço, vai pressionar o sistema, mas é alcançável se for organizado ao lonto do tempo de tal forma que seja gerível. Mas quando se trata de gás, é muito mais difícil", acrescentou.

Questionado pela investigação sobre componentes Bosch que alegadamente terão sido identificados em veículos militares russos, o presidente da Bosch disse não poder adiantar informação de momento.

Relativamente às componentes dos veículos, "foram os media que primeiro reportaram sobre isso, o ministro dos Negócios Estrangeiros [ucraniano] forneceu alguma informação, isto está a ser investigado", afirmou.

"Quando tivermos [dados] vamos dar essa informação, hoje não temos qualquer nova informação para dar sobre esta matéria", rematou.

Questionado sobre a Bosch na Rússia, o gestor salientou que é "verdade" que "muitas atividades foram paralisadas", a produção foi interrompida.

"Acho que era 1,2 mil milhões de euros o volume de negócios" na Rússia, disse, classificando as atividades do grupo naquele mercado "quase economicamente insignificantes".

No que respeita aos colaboradores da Bosch na Rússia, Hartung salientou que o grupo alemão lhes dá apoio.

"Continuamos a pagar os salários e as remunerações, mas também há outras coisas associadas a isso", salientou, referindo que todo o apoio segue o cumprimento de todas as sanções aplicadas.

Sobre a atividade na China, o responsável salientou que os impactos do atual 'lockdown' [confinamento] devido à covid-19 têm sido sentidos, sendo que algumas fábricas estão encerradas.

Apontou que os navios com contentores de navios estão parados nos portos em fila e que isso terá impacto, "não vai ajudar a baixar os preços".

Tal "vai ter impacto na inflação porque os custos de transporte vão subir também" porque se milhares de navios não estiverem a desempenhar o seu papel, ficando parados frente ao portos, tal irá "aumentar os custos".

Para Stefan Hartung, o "tema preço" será "tema chave" este ano.

"Veremos o que a Fed [Reserva Federal norte-americana] decide esta tarde", comentou, referindo que "o preço dos custos de capital é algo que será um grande problema" em 2022.

Leia Também: Possíveis "perturbações" no abastecimento de petróleo na Alemanha

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