Mesmo antes da invasão da Ucrânia pelas forças russas a 24 de fevereiro, o governo de Boris Johnson tinha declarado a firmeza de Londres face ao dinheiro russo de origem duvidosa, mas a comissão dos Negócios Estrangeiros concluiu, num relatório intercalar, que esta retórica não tinha sido seguida por medidas suficientemente fortes e concretas.
O Reino Unido há muito que é acusado de complacência para com as elites russas e os seus milhões.
"Durante demasiado tempo, sucessivos governos permitiram que atores nefastos e cleptocratas lavassem o dinheiro sujo na lavandaria de Londres", criticou o presidente conservador da comissão, Tom Tugendhat, em comunicado.
No relatório, aponta-se que a legislação atual não vai suficientemente longe, apesar de um recente reforço, considerando ser "vergonhoso que tenha sido necessária uma guerra" para pressionar o Governo a agir.
"Embora os ministros tenham falado eloquentemente na Câmara dos Comuns sobre a necessidade de repressão sobre cleptocratas, a retórica não foi seguida por uma ação construtiva" e, "ao mesmo tempo", o dinheiro "continuou a fluir para o Reino Unido".
Por outro lado, salienta-se também a necessidade de providenciar recursos necessários para as autoridades combaterem o fenómeno, mas igualmente que as sanções aplicadas, sobre as quais o Governo disse visarem mil pessoas e 120 empresas, devem conduzir a investigações criminais.
"A ameaça que as finanças ilícitas representam para a segurança nacional exige uma resposta que é considerada grave", sublinhou a comissão.
Tom Tugendhat disse que "o estatuto do Reino Unido como um porto seguro para dinheiro sujo é uma mancha na reputação" do país.
"O governo deve alinhar a legislação com os princípios do povo britânico e colmatar as lacunas que permitem tal exploração", sustentou.
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