BCE aumenta taxas de juro (em 50 pontos base) pela 1.ª vez em 11 anos

Trata-se do primeiro aumento das taxas de juro em mais de uma década. Banco central avisa que taxas poderão voltar a ser subidas nos próximos meses.

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Beatriz Vasconcelos
21/07/2022 13:15 ‧ 21/07/2022 por Beatriz Vasconcelos

Economia

BCE

O Banco Central Europeu (BCE) aumentou, esta quinta-feira, as taxas de juro em 50 pontos base, acima dos 25 pontos base que tinha indicado na reunião anterior, naquela que é a primeira subida em mais de uma década. Trata-se de uma resposta à aceleração da inflação.

"O Conselho do BCE decidiu proceder a um aumento de 50 pontos base das três taxas de juro diretoras do BCE e aprovou o Instrumento de Proteção da Transmissão (IPT)", pode ler-se no comunicado do banco central. "O Conselho do BCE considerou apropriado dar um primeiro passo maior, na sua trajetória de normalização das taxas de juro diretoras, do que o sinalizado na reunião anterior", acrescenta. 

Esta decisão, explica o BCE, tem por base "a avaliação atualizada do Conselho do BCE relativamente aos riscos de inflação e no apoio reforçado proporcionado pelo IPT para a transmissão eficaz da política monetária". 

Com este aumento, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito serão aumentadas para 0,50%, 0,75% e 0,00%, respetivamente, com efeitos a partir de 27 de julho de 2022.

Acresce ainda que, na opinião do regulador, "nas próximas reuniões do Conselho do BCE, será apropriada uma nova normalização das taxas de juro", o que significa que poderão vir a caminho mais aumentos nos próximos meses. 

Nos últimos dois anos, o banco central optou por uma política monetária acomodatícia, com taxas de juro muito baixas e elevadas compras de ativos, para ajudar a economia a ultrapassar a crise causada pela pandemia da Covid-19.

Desde há alguns meses, o BCE começou a preparar o terreno para pôr fim à era do dinheiro barato, tendo começado por reduzir as aquisições de dívida, que acabaram por cessar este mês.

A instituição liderada por Christine Lagarde junta-se assim a outros bancos centrais, como a Reserva Federal norte-americana, que têm estado mais ativos na luta para conter a subida de preços.

Há oito anos que o BCE aplica uma taxa de depósito negativa (-0,50%) aos excessos de liquidez que lhe são confiados pelos bancos. O objetivo era incitar as entidades bancárias a conceder mais crédito para apoiar a atividade e colocar a taxa de inflação, durante muito tempo baixa, em 2%, em linha com o mandato da instituição.

Agora a inflação disparou, com a recuperação pós-pandemia, com a tensão nas cadeias de abastecimento e com a crise energética associada à ofensiva russa na Ucrânia.

A inflação homóloga avançou em junho para 8,6% na zona euro, quando tinha ficado em 8,1% em maio.

A presidente do BCE explicará as razões que determinaram estas decisões em conferência de imprensa às 13h45

[Notícia atualizada às 13h22]

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