"O crescimento deve acelerar significativamente este ano, num contexto em que o abrandamento das restrições relacionadas com a pandemia potencia a subida da procura interna, ao passo que o setor externo beneficia dos preços elevados das matérias-primas", escrevem os analistas da FocusEconomics, na análise mensal das economias da África subsaariana.
No relatório, esta consultora sedeada em Barcelona escreve que os preços elevados do petróleo e a vontade de os países europeus diversificarem as fontes energéticas, afastando-se do gás russo, são positivos para Angola, que beneficia também de boas condições externas, melhorando as contas públicas.
Ainda assim, o crescimento previsto de 3,2% para este ano, 3,4% para 2023 e 3,6% para 2024 fica sempre abaixo da média prevista para os países da região, que deverão crescer 3,6% este ano, 3,7% em 2023 e 3,9% em 2024.
"O crescimento da África subsaariana deverá ser perto do mais alto em uma década, com exceção do valor registado no ano passado", escrevem os analistas, vincando, no entanto, que os riscos continuam.
"Há riscos importantes que permanecem, motivados pelas consequências da guerra na Ucrânia; os défices gémeos [orçamental e externo] nalguns países estão a aumentar, e os rácios da dívida face ao PIB na região estão a ser empurrados para os níveis mais altos das últimas décadas, colocando muitos países em 'debt distress' [dívida demasiado elevada]", acrescenta-se no relatório.
Os analistas estimam que a inflação em Angola passe de 23,3% este ano para 15,5% e 10,9% nos próximos dois anos, descendo para um dígito em 2025, com 9,9%.
A inflação, que desceu para 23% em junho face aos 24,4% registados em maio, "deverá continuar a abrandar na segunda metade de 2022, apesar de os fluxos de saída de capital e os elevados preços das matérias-primas serem grandes riscos para esta previsão", concluem os analistas.
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