Em declarações à Lusa, fonte oficial da AMMG garantiu que "não existe qualquer 'buraco'" nas seguradoras do Grupo Montepio, quando questionada sobre a notícia do jornal Público de que as duas seguradoras do grupo Montepio perderam 160 milhões de euros de capitais próprios nos primeiros cinco meses do ano.
De acordo com o Público, estas perdas derivaram sobretudo do impacto da exposição de mais de 20 milhões de euros a títulos de empresas russas, pelo que a situação estaria a ser encarada com "apreensão" pelo supervisor de seguros.
Fonte oficial da AMMG referiu à Lusa que "após o início da guerra na Ucrânia, foi iniciado um processo de acompanhamento" dos títulos das empresas russas.
"O processo de monitorização destes títulos centra-se na avaliação da evolução dos preços dos mesmos, uma vez que não se conseguem vender dadas as limitações impostas sobre ativos russos", indica.
A AMMG acrescenta que monitoriza também o pagamento de juros por parte dos emitentes e, no caso das Lusitânia Seguros e a Lusitânia Vida, confirma "que ocorreu o devido pagamento em linha com as condições de cada uma das emissões".
"Com efeito, já ocorreu o pagamento de juros após o início da guerra e a imposição de sanções sobre ativos russos de todos os títulos em carteira da Gazprom e Novolipetsk", precisa.
"A expectativa de recuperação dos títulos está diretamente dependente da evolução do conflito armado na Ucrânia e da sua resolução, bem como da resposta que a nível internacional for definida quanto à densidade e duração das sanções à Rússia, tendo também presente a resiliência das entidades em apreço", garante.
A AMMG reitera ainda que "as medidas já tomadas, e que continuarão a ser desenvolvidas pelo Conselho de Administração, permitem garantir que a Lusitania Vida se encontra a operar no mercado de seguros sem qualquer limitação e com rácios sólidos, respondendo à procura de soluções de proteção e poupança dos seus clientes".
Numa nota de esclarecimento divulgada hoje, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) explica que no exercício das suas funções acompanha a atividade e situação financeira e de solvência das empresas de seguros, desenvolvendo as ações, que considera, necessárias ao cumprimento do regime legal em vigor.
"Conforme divulgado no relatório e contas da empresa, a Lusitânia Vida, Companhia de Seguros, S.A., registou um incumprimento do requisito de capital de solvência a 07 de fevereiro de 2022. Nesse seguimento, nos termos legalmente previstos e conforme resulta do mencionado relatório e contas, a empresa de seguros está a ser objeto de acompanhamento pela ASF, mantendo-se plenamente autorizada ao exercício da atividade seguradora e a operar em condições normais de mercado", dá nota.
A ASF diz que "acompanha a evolução da empresa", pelo que estabeleceu "à Lusitânia Vida um conjunto de medidas que estão em implementação, fazendo a sua monitorização".
"As medidas tomadas pela empresa, em resposta às instruções da ASF, permitem que a Lusitânia Vida apresente um rácio de solvência superior a 130%, cumprindo assim os requisitos exigidos", detalha.
"A ASF acompanhou também a evolução dos investimentos em ativos de origem russa realizados por esta empresa, concluindo que a sua dimensão não colocou em causa que a empresa regressasse a margens de solvência acima do exigido, como atualmente se verifica", garante.
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