"Principal variável a curto prazo a ter em atenção é a inflação"

O presidente executivo do banco Santander Totta apontou a inflação e o desemprego como as duas variáveis a ter em atenção, muito mais que a subida das taxas de juro, embora saliente que não subestima esse impacto nas famílias.

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Lusa
28/07/2022 12:48 ‧ 28/07/2022 por Lusa

Economia

Santander Totta

Pedro Castro e Almeida falava na conferência de imprensa dos resultados do Santander Totta, cujos lucros quase triplicaram no primeiro semestre para 241 milhões de euros.

"Fala-se muito de taxas de juro. Dentro de todas as variáveis" esta seria "aquela que estaria menos preocupado" relativamente ao que poderá ter impacto em termos de economia e, acima de tudo, nas famílias, afirmou, quando questionado sobre a conjuntura atual (elevado preço da energia, inflação, subida das taxas de juro).

"A principal variável a curto prazo a ter em atenção é a inflação", advertiu o gestor.

Isto porque, em termos de taxas de juro, "vivemos nos últimos 11 anos numa situação que eu diria de anormalidade e, portanto, estamos a vir para uma situação de normalidade, mas estamos a falar de taxas de juro muito baixas", argumentou.

"Há dois meses perspetivava-se que a Euribor a 12 meses estivesse quase nos 3% e agora estamos a apontar que, eventualmente, no máximo, no final do próximo ano, estará na casa de 1,5%. Portanto, com esse nível de taxas não há de ser a principal variável que irá afetar de maneira nenhuma" as famílias, prosseguiu o presidente executivo.

Agora, "o efeito de inflação que está a ter naturalmente nas pessoas mais ricas tem menos efeito, é uma questão de mudar ligeiramente os hábitos de consumo", mas "na população mais pobre tem e terá um efeito naturalmente muito grande", sublinhou.

No que respeita ao crédito malparado, "estamos a níveis hoje em dia como não estamos há 20 anos em termos de crescimento" nesta matéria, referiu, considerando não haver problema neste âmbito.

"É normal que possa subir se houver uma deterioração, mas será muito mais no sentido" da forma como "poderá afetar a população mais pobre", seja em Portugal, seja na Europa, e isso tem a ver "pelo efeito inflação" no curto prazo.

Depois há outra variável que "pode ter um impacto muito grande", - embora "para já vivamos numa situação de pleno emprego e esse é que pode ter impacto na parte das previsões que os bancos têm que fazer - que é a questão do desemprego", apontou.

Atualmente, "há muito mais procura que oferta, verificamos isso entre trabalhadores qualificados e não qualificados, mas a realidade é que também sabemos que esse mercado muda muito rapidamente", alertou.

Portanto, "a segunda variável que eu punha aqui mais relevante é o desemprego", sublinhou.

Em suma, o presidente executivo do Santander Totta destaca a inflação e o desemprego como variáveis a ter em atenção.

Ou seja, "de que maneira é que a inflação está a impactar no rendimento disponível das famílias e se depois a economia continuar neste padrão de desaceleração como é que isso gerar desemprego", sublinhou.

"Se olharmos para os casos da Polónia e da Hungria, em que as taxas atingiram 8% ou 10%, aí sim seria uma situação diferente. Acho que mesmo acima dos 2,5%, 3%, começamos a ter aqui alguma pressão em termos do que é o custo para as famílias de uma subida de taxa de juro para as famílias, não subestimando a atual", considerou.

Relativamente ao impacto nas empresas, o responsável salientou que "para já", termos de dificuldades financeiras, o Santander Totta não encontrou nenhuma situação dessas.

"As empresas estão bem", independentemente dos problemas do dia a dia de gestão, referiu o gestor.

Um dos impactos que as empresas estão a sentir é o aumento do custo da energia, cuja fatura duplicou.

"A questão da inflação que se vai jogar nos próximos seis meses é as dúvidas que eles [empresários] estão a ter se vão conseguir passar isso para os consumidores" e se começarem todos a subir preços "vamos entrar aqui uma espiral inflacionista muito grande", que é uma grande preocupação, apontou.

A segunda "é o aumento dos preços de outras matérias-primas de bens intermédios e aqui há uma inflação grande que é vivida entre o que é realmente inflação e alguma especulação", referiu.

"Nós sabemos que o petróleo está mais caro, mas também sabemos que na construção a areia não tem razão para estar mais cara e a areia está a subir a 30%", comentou.

Acrescentou que as empresas apontam ainda o aumento do custo do transporte.

Leia Também: "Só uma banca rentável é que pode apoiar a economia"

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