Este recorde da empresa estatal brasileira tem como causa o aumento dos preços do petróleo bruto.
De acordo com a declaração enviada ao mercado na quinta-feira, o lucro do gigante brasileiro nos primeiros seis meses deste ano foi 124,6% superior ao do mesmo período de 2021.
Os lucros semestrais são praticamente iguais aos obtidos pela empresa em todo o ano de 2021, quando atingiu o maior lucro líquido de toda a sua história (106,66 mil milhões de reais, cerca de 20 mil milhões de euros).
Horas antes da apresentação dos resultados, a Petrobras tinha anunciado uma distribuição de dividendos recorde, numa altura em que o Governo de Jair Bolsonaro pressiona para que as empresas estatais reforcem os cofres públicos.
A companhia petrolífera, com ações negociadas nas bolsas de São Paulo, Nova Iorque e Madrid, e que tem o Estado brasileiro como maior acionista, anunciou numa declaração ao mercado que irá distribuir dividendos nas próximas semanas de 6,732 reais (cerca de 1,25 euros) por cada ação preferencial e ordinária da companhia, após os bons resultados alcançados no segundo trimestre do ano.
O valor, que é uma distribuição de dividendos recorde para o gigante petrolífero durante um trimestre, ascende a cerca de 87,8 mil milhões de reais (cerca de 17 mil milhões de euros), dos quais o Estado manteria cerca de 32,1 mil milhões de reais (cerca de seis mil milhões de dólares).
A Petrobras explicou na nota que a política de remuneração acionista prevê a distribuição de 60% do valor resultante da diferença entre fluxo de caixa e investimentos, desde que a dívida bruta da empresa seja inferior a 65 mil milhões de dólares.
O Governo receberá os respetivos dividendos em agosto e setembro, ou seja, antes das eleições de 02 de outubro em que Bolsonaro procurará ser reeleito como chefe de Estado.
O anúncio da Petrobras veio dias depois de porta-vozes governamentais terem pedido à empresa estatal que antecipasse o pagamento de dividendos e recursos aos cofres públicos para financiar um ambicioso pacote de subsídios que o Governo anunciou no mês passado e que irá beneficiar as famílias e setores mais pobres, tais como camionistas e taxistas.
Os dividendos recorde foram aprovados pelos novos membros do conselho de administração da Petrobras, que tomaram posse há um mês após o Presidente brasileiro ter discordado com os antigos administradores e promovido a sua substituição.
Bolsonaro tinha criticado a Petrobras pelos constantes aumentos nos preços dos combustíveis, que dependem dos preços internacionais e que têm pressionado a inflação no Brasil, e chegou ao ponto de dizer que os seus lucros recorde, dos quais o governo agora beneficia, eram "absurdos".
Desde que o novo presidente da companhia petrolífera tomou posse, a cerca de dois meses das eleições, a empresa já anunciou duas reduções nos preços dos combustíveis.
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