Entrevistado pela TVI, quando confrontado se os aumentos na administração pública em 2023 teriam como referencial a inflação, António Costa rejeitou a ideia, afirmando que o valor final será decidido no âmbito da negociação coletiva com os parceiros sociais.
"Não vão com certeza ser aumentados 7,4%", assegurou o líder do executivo.
Costa admitiu que o referencial para os aumentos será de 2%, em linha de conta com o que a União Europeia toma como ideal para não provocar uma espiral inflacionista, mas também terão em conta "a produtividade e o objetivo de aumentar o peso dos salários no produto".
"É sempre muito difícil encontrar o ponto de equilíbrio", de modo que os salários possam aumentar numa proporção que não seja por si própria geradora de inflação e consequentemente de perda de poder de compra, admitiu.
António Costa foi entrevistado pelos jornalistas Pedro Santos Guerreiro e José Alberto de Carvalho num simultâneo da TVI e da CNN Portugal.
Questionado se o Governo irá descer o IRS no próximo Orçamento do Estado, Costa remeteu essa informação para a apresentação do documento -- indicando que será feita no dia 10 de outubro, data prevista na lei -- e referiu que, este ano, já existiu uma diminuição desse imposto com o desdobramento dos escalões e ainda mais significativa para as famílias com filhos e para os jovens em início de carreira.
Na entrevista, o primeiro-ministro calculou em 2,8 mil milhões de euros a receita fiscal de que o Governo dispõe este ano acima do que previa no Orçamento do Estado, valor bastante mais baixo do que tem sido apontado pela oposição.
"Não posso comparar a receita deste ano com a do ano passado, tenho de comparar a receita que estou a ter com a que previ no Orçamento do Estado aprovado em julho e para a qual já comprometi despesa. O diferencial que temos estimado dá um saldo de 2,8 mil milhões de euros", justificou, frisando que só no pacote recente de apoio às famílias o Estado utilizou 2,4 mil milhões de euros.
António Costa salientou que, antes disso, o Governo já tinha "devolvido bastante mais" nos apoios aos consumidores e apontou que também o Estado "paga inflação".
"Em combustíveis e alimentação paga pelo Estado temos mais 596 milhões de euros de despesa. Os carros da PSP, da GNR, as viaturas do INEM andam com o mesmo gasóleo e a gasolina", frisou.
[Notícia atualizada às 22h46]
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