"Não devemos perder de vista a forma como os autocratas estrangeiros estão a visar os nossos próprios países e as entidades estrangeiras são institutos de financiamento que minam os nossos valores, [já que] a sua desinformação está a espalhar-se desde a internet até às salas das nossas universidades", disse Ursula von der Leyen.
Intervindo no seu terceiro discurso sobre o Estado da União, na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, a líder do executivo comunitário vincou que "estas mentiras são tóxicas para as democracias" da UE.
E exemplificou: "No início deste ano, a Universidade de Amesterdão encerrou um centro de investigação alegadamente independente, que na realidade era financiado por entidades chinesas e estava a publicar a chamada investigação sobre direitos humanos, rejeitando as provas de campos de trabalho forçado para Uyghurs como rumores".
Defendendo que a UE tem de se "proteger melhor contra interferências malignas", Ursula von der Leyen apontou que o executivo comunitário já avançou com legislação para analisar o investimento direto estrangeiro nas empresas europeias, por preocupações de segurança.
"Se o fizermos pela nossa economia, não deveríamos fazer o mesmo pelos nossos valores?", questionou.
Por isso, a líder da Comissão Europeia anunciou um novo "pacote de Defesa da Democracia, que trará à luz influência estrangeira dissimulada e financiamento sombrio".
Apontando que, durante mais de 70 anos, a Europa "marchou em direção à democracia", Ursula von der Leyen avisou também que Bruxelas "não vai permitir que nenhum cavalo de Troia da autocracia ataque as democracias europeias, a partir do interior".
"Os ganhos da nossa longa jornada não estão garantidos [...] e temos de proteger as nossas democracias tanto das ameaças externas que enfrentam, como dos vícios que as corroem a partir de dentro. É dever e papel mais nobre da minha Comissão proteger o Estado de direito", adiantou.
Numa altura em que a Polónia e a Hungria enfrentam disputas com Bruxelas relativamente ao cumprimento do Estado de direito e da salvaguarda da autonomia dos juízes, com ameaças de corte de fundos comunitários, Ursula von der Leyen assegurou que irá "continuar a insistir na independência judicial".
"E também protegeremos o nosso orçamento através do mecanismo de condicionalidade", concluiu.
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