"Pretende-se a recuperação integral da locomotiva, para efeitos expositivos, que envolverá trabalho profundo ao nível da sua estrutura [...] limpeza; reparação/reposição de estruturas metálicas comprometidas com desgaste corrosivo; preparação de superfície e pintura", descreve-se no documento referente à locomotiva The Falcon Engine & Car Works, de 1888.
O concurso público, publicado no Diário da República de quarta-feira, estabelece o "preço base de 140 mil euros" para a recuperação de uma das locomotivas a vapor de origem inglesa que terão sido usadas no início do século XX na construção do porto de Ponta Delgada e, posteriormente, nas obras de prolongamento daquela infraestrutura e da Avenida Infante D. Henrique, na ilha de São Miguel.
Em 2017, num requerimento do PPM a questionar o executivo regional sobre o tema, o deputado Paulo Estêvão lembrava que "em 2007 o Governo dos Açores chegou a publicitar o arranque de um projeto para recuperar e utilizar, para fins turísticos", estas locomotivas, "com um custo estimado superior a 200 mil euros" e com "o objetivo de promover os passeios turísticos na muralha do Porto de Ponta Delgada".
Já em 2021, o atual Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) revelou a intenção de celebrar um contrato-programa com a empresa Portos dos Açores, para a reabilitação de duas locomotivas e a criação de um museu nas antigas oficinas do porto artificial de Ponta Delgada.
"Tão importante como a recuperação daquelas duas locomotivas, é importante reabilitar o próprio espaço que as alberga, espaço este que correspondente às antigas oficinas do porto artificial e que atualmente não está afeto a qualquer uso", lê-se numa resolução do Conselho de Governo aprovada em 30 de setembro de 2021 e publicada em Jornal Oficial.
Segundo o executivo açoriano, as duas locomotivas, propriedade da empresa Portos dos Açores, que gere as infraestruturas portuárias do arquipélago, são "exemplares únicos existentes na região", mas estão num "estado de avançada deterioração estrutural".
O espaço que alberga as locomotivas "possui ainda peças que remontam ao início da construção do porto de Ponta Delgada".
Por isso, o Governo Regional considera "necessária a sua recuperação" para "a criação de um contexto museológico de fruição por parte da população açoriana e de turistas e passageiros de navios de cruzeiros que visitam o destino".
O contrato-programa a celebrar entre a Secretaria Regional da Cultura, Ciência e Transição Digital e a Portos dos Açores visava, de acordo com a publicação em Jornal Oficial, "a assistência em todo o suporte indispensável à concretização de uma proposta de musealização do espaço que as alberga, correspondente às antigas oficinas do porto artificial de Ponta Delgada".
A intervenção estava orçada em 80 mil euros, referindo-se que esse valor já estava inscrito no Plano Regional para 2021.
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