Costa defende Marcelo. "Tem sido feita interpretação inaceitável"

O primeiro-ministro diz que está a ser feita uma interpretação "muito errada" das palavras de Marcelo Rebelo de Sousa sobre os abusos na igreja e, por isso, quer "expressar publicamente" a sua solidariedade com o Presidente da República.

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Beatriz Vasconcelos com Lusa
12/10/2022 13:16 ‧ 12/10/2022 por Beatriz Vasconcelos com Lusa

Política

António Costa

O primeiro-ministro, António Costa, saiu em defesa do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esta quarta-feira, considerando que está a ser feita uma "interpretação inaceitável" das palavras do chefe de Estado sobre os abusos sexuais na igreja

"Em primeiro lugar, queria expressar total solidariedade com o Presidente da República, mais concretamente com o professor Marcelo Rebelo de Sousa, pela interpretação inaceitável que tem sido feita das suas palavras", disse o primeiro-ministro, António Costa, em declarações aos jornalistas, em Viseu. 

"Eu conheço o Presidente da República, todos conhecemos o Presidente da República, e todos sabemos bem que para uma pessoa como o professor Marcelo Rebelo de Sousa um caso que fosse, só um caso, de abuso sexual sobre crianças seria algo absolutamente intolerável, como é para o conjunto da sociedade", referiu António Costa. 

Costa diz que tem estado a ser feita uma interpretação "muito errada" e, por isso, quer "expressar publicamente" a sua solidariedade com Marcelo Rebelo de Sousa. "Cada caso é um caso de uma gravidade imensa em si própria e seguramente que o Presidente da República não quis desvalorizar, ele aliás já fez uma nota a explicar", afirmou.

"Num caso destes, numa sensibilidade destas", Costa diz que "não podia deixar de expressar" solidariedade com o chefe de Estado.  

Na terça-feira, questionado sobre a recolha de 424 testemunhos de abusos sexuais contra crianças na Igreja Católica em Portugal, o Presidente da República afirmou não estar surpreendido, salientou que "não há limite de tempo para estas queixas" que têm estado a ser recolhidas, algumas relativas "há 60 ou há 70 ou há 80 anos".

"Significa que estamos perante um universo de pessoas que se relacionou com a Igreja Católica de milhões ou muitas centenas de milhares", prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa, concluindo: "Haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado, porque noutros países e com horizontes mais pequenos houve milhares de casos".

Face às críticas que estas declarações suscitaram, o chefe de Estado divulgou uma nota na qual afirmou que "este número não parece particularmente elevado face à provável triste realidade, quer em Portugal, quer pelo mundo", admitindo que "terá havido também números muito superiores em Portugal".

Depois, o Presidente da República falou para a RTP e para a SIC a reforçar a mesma mensagem, reiterando que 424 queixas lhe parece um número "curto", declarando que aceita democraticamente as críticas que recebeu, mas não as compreende.

[Notícia atualizada às 13h37]

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