O número de furtos em supermercados está a crescer à boleia das dificuldades financeiras e esta é uma tendência que se tem agravado desde o início de setembro, noticia o Expresso. Ao Notícias ao Minuto, fonte da Auchan indicou que "não tem verificado" esta tendência nas suas lojas, ao passo que fonte oficial do Pingo Doce admite "perdas de inventário por motivos desconhecidos", que podem estar relacionadas com furtos.
"A Auchan não tem verificado aumento de furtos em nenhuma das suas lojas. Há produtos que estão alarmados por se tratar de uma prática preventiva de há já vários anos em todas as lojas Auchan", disse fonte da cadeia de supermercados em resposta às questões colocadas pelo Notícias ao Minuto no seguimento da notícia do semanário.
Do lado do Pingo Doce, a experiência é diferente. "Temos verificado um aumento de perdas de inventário por motivos desconhecidos, que poderão estar relacionadas com aumento de furtos. Este eventual aumento de furtos é notório em produtos de higiene pessoal, detergentes e mercearia. A vigilância nas nossas lojas foi reforçada", explicou fonte oficial da cadeia de supermercados do grupo Jerónimo Martins ao Notícias ao Minuto.
Já o Continente adiantou que, neste momento, os artigos alimentares "mais suscetíveis a furto são cápsulas de café, chocolates e conservas" e acrescentou: "Temos mecanismos de proteção nas lojas que nos permitem monitorizar e reduzir o número de furtos. Exemplo disso são os alarmes colocados nos produtos alimentares, que já existem há algum tempo e não pelo contexto atual".
O Notícias ao Minuto contactou também o Lidl e a Mercadona, mas até ao momento de atualização deste artigo não foi possível obter mais reações a este tema.
Ao que indica o Expresso, vários supermercados estão a colocar alarmes em produtos alimentares básicos, como o bacalhau ou o salmão congelados, e até em garrafas de azeite ou latas de atum. Esta medida de segurança é justificada pelo aumento dos furtos de alimentos, que se agravou com o aumento dos preços.
O que me parece inverosímil nesta imagem é que tenham protegidas as latas de bom petisco e deixadas à mão de semear as de Catarina. Não estão a fazer isto para se protegerem dos furtos; estão a fazê-lo para promoverem um produto medíocre. Não é segurança, é marketing. pic.twitter.com/FccOXH5AkP
— azeite (@azeite) October 21, 2022
"É um fenómeno que está efetivamente a subir bastante, sobretudo desde o início de setembro e em particular nos grandes centros urbanos de Lisboa e do Porto", disse o diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), Gonçalo Lobo Xavier, em declarações ao mesmo jornal.
Esta tendência é também sustentada por dados da Polícia de Segurança Pública (PSP), que revelam que, no primeiro semestre, foram participados 452 furtos em super e hipermercados, a uma média de 2,5 por dia. De acordo com os cálculos do semanário, a manter-se este ritmo o volume de ocorrências seria, pelo menos, 40% superior no final do ano face ao registado em 2021.
tava a ver no reddit alguem tambem meteu alarmes no lombo da riberalves 🤣 pic.twitter.com/rWbjINulN9
— Nobruc (@nobrucTV) October 21, 2022
Cesto de alimentos está mais caro
Abastecer a despensa de bens alimentares essenciais já custa mais de 214 euros às famílias, de acordo com uma monitorização de preços da DECO Proteste. Desde fevereiro, o preço do cabaz alimentar já aumentou mais de 30 euros.
"Um cabaz de bens alimentares essenciais custa atualmente 214,30 euros, mais 30,67 euros (mais 16,71%) do que custava a 23 de fevereiro, véspera do início do conflito armado na Ucrânia e data em que iniciámos esta análise", pode ler-se no site da organização de defesa do consumidor.
Só na última semana - entre 12 e 19 de outubro -, o cabaz registou uma subida de 1,81 pontos percentuais, o que representa um aumento de 3,80 euros.
Desde 23 de fevereiro, a DECO Proteste tem monitorizado todas as quartas-feiras, com base nos preços recolhidos no dia anterior, os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais que inclui bens como peru, frango, pescada, carapau, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, fiambre, leite, queijo e manteiga.
[Notícia atualizada às 14h35]
Leia Também: Cesto de alimentos. Contas feitas, qual o impacto do aumento dos preços?