Mário Vaz falava num encontro com jornalistas, a propósito dos 30 anos da Vodafone Portugal, que teve lugar na sede da operadora de telecomunicações, em Lisboa.
O gestor escusou-se a falar sobre "eventuais aumentos", tendo em conta o nível de inflação atual, mas tendo em conta a subida dos preços da energia, destacou a importância desta componente para o setor.
"Somos um dos maiores consumidores de energia, as nossas redes só funcionam com consumo de energia", disse, acrescentando que o 5G é mais um elemento de consumo de energia, pelo que "tem um impacto muito grande".
E partilhou a experiência que é contratar com fornecedores para o próximo ano.
"Por exemplo, para o próximo ano é muito difícil, para não dizer impossível, fechar contratos de preço garantido com qualquer fornecedor de energia, ninguém quer arriscar" e "estamos a falar de projeções de crescimento de custos, no caso da Vodafone é mais do dobro do que aquilo que estávamos a prever nos nossos planos", afirmou.
Para dar uma ideia, a energia representa "cerca de 6% a 7% dos nossos custos operacionais. Era, historicamente. Claro que quando inclui 5G e o crescimento da rede fibra aumentaria mais 1%", mas agora "estamos a falar que a energia passa para 15%", apontou o presidente executivo da Vodafone Portugal.
A Vodafone tem nos contratos com os cliente o direito de poder aplicar em função da inflação oficial do ano anterior um aumento, o que a acontecer pode ser feito durante o primeiro trimestre.
"Isto é o que temos no contrato, a decisão de aumento ou não" será tomada "na altura devida", disse, admitindo que a "inflação na componente energética nos operadores tem um forte impacto".
E sublinhou: "Quero só dar o destaque da energia, que é de grande, grande importância, pese embora todas as medidas que nós tomamos para poupança energética, é inviável, impossível conseguir absorver esses custos, até agora temos feito uma gestão muito rigorosa para evitar que isso chegasse aos clientes".
Agora, se é possível manter isto, "no primeiro trimestre cá estaremos", rematou.
Já sobre as medidas do Governo anunciadas, Mário Vaz salientou que o impacto para a empresa resulta da forma como elas são executadas ou interpretadas.
Por exemplo, "nos centros comerciais temos as nossas lojas e já tínhamos um conjunto de medidas de poupanças, lâmpadas, horas de consumo, agora o que é vamos fazer? Aquilo que o centro comercial determinar. Aquilo que o município determinar de as lojas terem as luzes apagadas mais cedo ou não, nós estamos dependentes de terceiros", prosseguiu.
Aqui, "nos escritórios, nos centros onde temos equipamentos, nos 'data centers', já tomámos medidas há muito tempo", garantiu.
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