"Os sistemas bancários do Reino Unido e de Espanha aparentam ser os mais vulneráveis às exposições do mercado imobiliário residencial, em grande parte devido aos riscos para os mutuários", refere a Fitch na análise.
Por sua vez, os sistemas da Austrália e do Canadá "também são vulneráveis", mas o portfólio dos bancos "beneficiam de seguros para mutuários".
A análise avaliou os desempenhos dos sistemas de dez países (Austrália, Canadá, Dinamarca, França, Alemanha, Países Baixos, Itália, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos) em três parâmetros: risco para mutuários, riscos relacionados com os preços das casas e vulnerabilidade dos sistemas bancários.
Numa média ponderada, que valorizava os riscos para os mutuários, o Reino Unido obteve 2,75 pontos, seguindo-se Espanha e Austrália (3,25 pontos) e Canadá (3,75 pontos).
Em sentido inverso, a Dinamarca obteve a melhor média entre os dez países, com 8,5 pontos, sendo seguida por Itália (8,25 pontos), Estados Unidos e França (ambos com 7,25 pontos).
Para o próximo ano, a consultora financeira antevê que o aumento dos preços das casas "abrande substancialmente ou recue", com a procura a ser controlada pelas altas prestações, acrescentando que houve já redução dos preços das casas no segundo semestre na Austrália, Canadá, Dinamarca, Países Baixos, Reino Unido e Estados Unidos.
Ainda assim, alerta que esta análise não prevê que "haja um rebentamento da bolha semelhante ao que provocou a grande crise financeira", uma vez que agora a saúde financeira dos consumidores é melhor.
No caso espanhol, a Fitch sublinha que o mercado da habitação "caiu já 36% face ao seu pico histórico" e que o Governo tem medidas para os mutuários mais vulneráveis.
A análise da Fitch testou ainda a possibilidade de um aumento de 5,0 pontos percentuais das taxas de juro para créditos hipotecários nos dez mercados face à de 2020 e com os mesmos salários dos mutuários, tendo Austrália, Espanha e Reino Unido apresentado maior fragilidade no rácio entre prestações mensais e rendimento.
No exercício, a Austrália passava de uma taxa de esforço de 26% para cerca de 42%, Espanha de 30% para 39% e Reino Unido de 34% para 43%. Esta variação é atribuída à percentagem de créditos com taxas de juro variáveis nestes três países, que se situam entre 42% e 93% do total de créditos.
Apesar de contarem com subidas menores, a Fitch alertou também para a exposição de Alemanha e Países Baixos, que contavam "já com elevadas taxas de esforço", acima dos 35%.
De igual forma, a preocupação com Reino Unido e Espanha é agravada com a redução das poupanças dos agregados familiares, que apresentam a menor taxa de poupança e duas das três maiores quebras deste indicador face a 2020.
Leia Também: Fitch revê em alta crescimento da zona euro para 0,2% em 2023