"Para 2023, a previsão do Orçamento é de 75 dólares por barril, com o barril de Brent atualmente a rondar os 78 dólares, é preciso ver como corre 2023, porque no final do ano passado o preço caiu bastante devido a questões relacionadas com a economia chinesa e a Ucrânia, por isso 75 dólares não me choca, mas veremos", disse à Lusa Tiago Dionísio.
Em declarações à Lusa a propósito da aprovação do Orçamento para 2023, prevista para sexta-feira na Assembleia Nacional, o economista disse que "em 2022 houve um enorme contributo das receitas do petróleo para a melhoria das contas públicas, já que ficaram 30% acima da previsão inicial do Governo no Orçamento", ou seja, quase nos 8 biliões de kwanzas [14,5 mil milhões de euros] devido à subida muito significativa do preço, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.
"Este efeito foi todo conseguido via preço, já que a produção estimada para 2022 está em linha com o orçamentado", salientou, acrescentando que "as previsões para este ano são naturalmente mais baixas, mas ainda assim acima dos 59 dólares esperados no Orçamento para 2022, e no que diz respeito à produção petrolífera, a estimativa é de um aumento de 2,8%", passando dos 1,148 milhões de barris por dia em 2022 para 1,180 milhões de barris diários este ano, ou seja, mais 32,8 mil barris.
As receitas do setor não petrolífero deverão aumentar este ano em Angola, compensado a quebra das receitas do petróleo, "mas mesmo assim o Governo prevê que as receitas sejam mais ou menos as mesmas que em 2022, tendo inscrito uma ligeira diferença de 0,7%".
Onde existe uma diferença mais significativa é na despesa, que o Governo prevê aumentar 8,4% "devido ao aumento das despesas correntes, relacionadas com gastos em bens e serviços e pagamentos aos funcionários públicos e dos juros, porque o serviço da dívida angolana [amortização e juros], apesar de ter caído [de cerca de 130% em 2020 para menos de 60% no ano passado], ainda representa uma parte importante das despesas", representando 45% da despesa total.
A proposta do OGE2023, elaborada prevendo um preço médio do barril de petróleo de 75 dólares (70 euros), abaixo da média de 100 dólares de 2022, foi entregue ao parlamento angolano a 09 de dezembro de 2022 a vai a discussão e votação na generalidade na sexta-feira, dia 13.
O ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, que fez a entrega do documento disse, na ocasião, que o OGE2023 tem um excedente orçamental de 0,9% e que a taxa de crescimento prevista será maior que a taxa de crescimento da população.
A proposta do OGE2023 vai cumprir fundamentalmente dois objetivos, apontou, elencando a "continuação do crescimento económico do país e o prosseguimento de uma gestão orçamental prudente".
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