Com apitos para fazerem barulho e cartazes e t-shirts a dizer "2,5% de aumento? Não, obrigado", os bancários consideram uma injustiça uma proposta de aumentos salariais de 2,5%, que desde logo fica bem abaixo do valor da inflação.
Em declarações à Lusa, a dirigente sindical e trabalhadora do BCP Ana Conceição disse que "há mais de dez anos que não há aumentos dignos de expressão e 2,5% é manifestamente um valor muito curto".
A bancária considera que as equipas de gestão dos bancos não valorizam devidamente os funcionários. "É isso que nos parece, os colaboradores são sempre a parte mais fraca, são os últimos a ser lembrados na altura de distribuir capital", afirmou.
Também Carla Cunha, bancária do Montepio, afirma que os administradores "não valorizam o suficiente" os trabalhadores, tanto mais quando estes admitiram cortes quando a banca esteve em muitas dificuldades.
"Os gestores bancários ganharem muito não nos atrapalharia se os trabalhadores fossem contemplados com o seu esforço. Em anos difíceis da banca, os trabalhadores foram chamados a atuar e atuaram. Nestas alturas difíceis para nós era bom que os gestores tivessem essa sensibilidade", disse.
Para este ano, o SNQTB defende aumentos de 6,25%. Segundo o presidente deste sindicato, Paulo Marcos, esta é uma "proposta fundamentada" que tem em conta as condições económico-financeiras dos bancos, a sua rentabilidade, níveis de imparidade e temas regulatórios em Portugal, e considerou "muito curta" a contraproposta do grupo negocial das instituições de crédito de 2,5%.
"Estamos no tempo de fazer uma atualização razoável das cláusulas de expressão pecuniária, que atente à rentabilidade dos capitais próprios, aos acionistas mas também a uma devolução à sociedade, aos trabalhadores e às famílias. Os bancos responderem com proposta de 2,5% parece-nos incrivelmente curto, ficámos tristes. (...) Não pode ser tudo para acionistas, há que redistribuir um bocadinho para famílias e sociedade", afirmou.
Para Paulo Marcos, face há 10 anos, as "equipas DE gestão são hoje muito competentes, muito profissionais", e também devem criar condições para "reverter desigualdades".
O dirigente considerou, contudo, que é difícil conversar com bancos sobre este tema desde logo porque os dirigentes não se sentam à mesa negocial e externalizam essa função.
"Seria muito mais interessante serem bancários a negociar com bancários. Esta terciarização afasta as pessoas, dessensibiliza e afasta as equipas de gestão da realidade", afirmou.
Paulo Marcos criticou ainda bancos que em Portugal propõem só 2,5% quando em outros países acordaram aumentos salariais melhores.
O SNQTB também ainda não fechou com os bancos as atualizações salariais de 2022, não tendo aceitado a proposta dos bancos 1,1%, estando ainda em curso as negociações em sede da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).
Depois da manifestação do início da manhã frente à sede do Novo Banco, segue-se outra frente à sede do BPI. À tarde o protesto é junto ao Santander
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