"É necessário encarar uma revisão da lei assente na realidade local. Temos de responder a parâmetros internacionais sim, mas também temos de ter uma componente muito realista: a nossa economia é informal", declarou à comunicação social Manuel Gamito, à margem do lançamento de uma campanha da seguradora em Maputo.
Para o presidente da Fidelidade Ímpar, o setor informal, que domina a economia moçambicana, gera rendimentos e, consequentemente, os seus operadores têm direito a seguros no âmbito das suas atividades.
"A revisão da lei deve ter em conta que este informal (carpinteiro, pescador ou outro) tem direito ao acesso a serviços bancários da mesma forma que tem direito aos seguros", frisou Manuel Gamito.
"Que o homem da aldeia, com os seus recursos, consiga ter um seguro do seu motor de pesca, da sua embarcação ou o seu seguro pessoal", exemplificou.
Entre os principais elementos que afastam os operadores informais do mercado destacou a existência de um "quadro legal disperso", a burocracia e a falta de pacotes que se adequem às condições financeiras.
"Por exemplo, é justo que a 'mamã' que vende no mercado, que tem rendimentos e sustenta os seus filhos, não tenha direito a um seguro porque não tem uma declaração de trabalho", questionou Manuel Gamito, propondo a adoção "de micro-seguros".????
A campanha lançada hoje pela seguradora é designada "Juntos Somos Mais Seguros" e visa reforçar a política de inclusão da empresa, criando serviços e produtos "adaptados às necessidades de cada cliente".
Em dezembro de 2021, a Fidelidade, que já estava em Moçambique desde 2014, anunciou a aquisição de 70% do capital da Seguradora Internacional Moçambique (SIM), que operava sob a marca Ímpar, numa transação avaliada em 46,8 milhões de euros.
A seguradora destacou que o primeiro ano de operações com a nova marca Fidelidade Ímpar foi positivo, destacando um crescimento da quota de mercado e um aumento do número de funcionários em 10%, ascendendo a um total de 216 colaboradores.
Em Moçambique, a seguradora está presente em oito províncias, contando com mais de 330 mil clientes.
Fundada em 1808, a Fidelidade apresenta-se como seguradora líder de mercado em Portugal, operando ainda em Angola, Cabo Verde, Espanha, França, Macau, Peru, Bolívia, Paraguai e Chile, além de Moçambique.
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